terça-feira, 14 de abril de 2020

RELATO DE UM INFECTADO

(Foto: Thiago Aquino)



Segunda-feira à tarde
No auge pandemia,
Resolvi sair de casa,
Fui até a padaria
E lá eu vi uma moça
Que alegrou o meu dia.


Terça-feira de manhã
Fui até o mercadinho.
Lá eu vi a mesma moça
Empurrando um carrinho.
Ela me deu um sorriso
Que eu fiquei caidinho. 


Quarta-feira outra vez
Saí para comprar pão.
Topei a moça de novo
E naquela ocasião,
Sabendo que não podia,
Apertei a sua mão.


Quinta-feira meio dia
Fui na farmácia urgente.
E quando eu ia saindo
Vi a moça em minha frente,
E sem temer o Corona
Dei-lhe um abraço envolvente.


Sexta-feira bem cedinho
Fui dar uma caminhada.
Encontrei de novo a moça
E não perguntei mais nada.
Dei nela um beijo na boca
Numa rua abandonada.


Sábado preso em casa
Era meu pior castigo.
Eu fiz uma ligação
E sem temer o perigo,
Deixei que a moça viesse
Passar a noite comigo.


Domingo pela manhã
Acordei adoentado.
O contato com a moça
Me deixou infectado.
Com o vírus da paixão
Vou morrer apaixonado.


Cícero Manoel

Residencial Jussara, Santana do Mundaú-AL
14 de abril de 2020

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