(Cícero Manoel)
Bem cedo
saí de casa
Com um
boleto na mão
E fui
pagá-lo no caixa,
Lá perto
da estação.
Ao chegar,
vi uma fila
Que
dobrava o quarteirão.
Sem
obedecer as regras
Que o
cartaz alertava,
Na porta,
uma multidão,
Ali, se
aglomerava,
Máscara quase
ninguém,
Naquela
hora usava.
Quando me
aproximei,
Uma
senhora na frente:
Ao ver a
máscara minha,
Olhou-me
indiferente
E se
afastou achando
Que eu
estava doente.
Fiquei ali
no meu canto
Afastado
dos demais,
E ali
naquela fila
No que se
falava mais,
Era no
famoso auxílio:
O de
seiscentos reais.
Então,
pude perceber
Naquele povo
faceiro,
Que alguns
estão focados
Mais em
receber dinheiro
Do que
proteger a vida
Nesse
tempo traiçoeiro.
Ouvi um
homem dizer
Se
expressando muito mal:
“Minha
gente, esse corona,
Só tem lá
na capital,
Ele não
chega aqui não,
É assombro
do jornal!”
Um bêbado
rebateu
Pra
completar a desgraça:
“Corona
não me faz medo,
Se ele
chegar na praça,
Eu pego
ele de mão
E engulo
com cachaça!”.
Uma crente
abriu a boca
E disse
assim com fervor:
“Essa
doença não vem
Para o
nosso interior,
Porque
estamos blindados
Com o
poder do Senhor!”
Com Seiscentos
no seu bolso
Disse um
pobre em alto tom:
“Não votei
no presidente,
Achei que
não tinha dom.
Mas depois
dessa ajuda...
Eita,
presidente bom!”
Quando
paguei meu boleto
Voltei pra
casa apressado.
Pensando
naquela gente,
Bastante
preocupado.
Triste do
pobre inocente
Que vive
desinformado.
Residencial
Jussara, Santana do Mundaú-AL
17 de
abril de 2020
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