Moça eu sou um caboclo
Dos confins lá do sertão,
Eu moro numa tapera
Casado com a solidão,
No topo de uma serra
Em meu pedaço de chão.
Moça a minha tapera
É coberta de sapé,
Eu nunca andei de carro
Moça eu só ando a pé,
Moça é feito de Bambu
O copo d’eu beber café.
Nunca fui numa escola,
Moça nunca estudei,
Moça não conheço as letras,
Nada de estudo eu sei,
Na roça limpando mato
Com meus pais eu me criei.
Moça eu vivo na roça
Travado na minha enxada,
Moça na minha tapera
Nunca chegou faltar nada,
Amo plantar minha roça
Nas chuvas da invernada.
Eu não uso roupa fina,
Uso o roupa do roçado,
Um velho chapéu de palha
Com um casaco listrado,
Uma calça e uma bota
Com o solado rasgado.
Lá eu tenho quase tudo
Mas algo chega faltar,
Me falta uma mulher
Pra da tapera cuidar,
Pra dar milho as galinhas
E a tapera animar.
Me falta uma mulher
Pra completar minha vida,
Pra cuidar da minha horta
Pra fazer minha comida,
Também pra dormir comigo
Toda noite na dormida.
Preciso de uma mulher
Pra tapera eu encher,
De menino e menina
Pelo terreiro a correr,
Moça não tenho riqueza
Só tenho amor e prazer.
Moça assim que te vi
Cheguei me apaixonar,
Moça se você quiser
Com você quero casar,
Te fazer minha mulher
E pro sertão te levar.
Te levo dessa cidade
Pro oco do meu sertão,
Lá a gente vai viver
Com muita satisfação,
E vou cuidar de você
Com amor no coração.
Moça lá no meu sertão
Vou te tratar como flor,
Eu vou zelar de você
Com carinho e muito amor,
Tendo a benção sagrada
De Deus o nosso senhor.
Se quiser casar comigo
Eu vou falar com seus pais,
Pois se você não quiser
Partirei nos espinhais,
Vou embora pro sertão
E aqui não volto mais.
Cicero Manoel / Santana do Mundaú-AL /6 de Setembro de 2014