quinta-feira, 26 de julho de 2012

DA MINHA JANELA

Da minha janela 
Olho a estrada, 
Mas minha amad
Na estrada não vem, 
Aqui eu padeço 
Que só a serena, 
A pele morena 
Minha amada tem.

Parece que ela
Hoje não vai passar,
Mas não paro de olhar
A longa estrada,
Aqui da janela 
Muito a espero,
Hoje o que mais quero 
É ver minha amada.

Ela vai passar 
Num cavalo montada
A minha amada 
Hoje vou rever
Quando ela passar 
Daqui da janela
Uma frase pra ela 
Hoje vou dizer.

Vou gritar: "te amo
No meu coração!"
E na ocasião 
Vou correr atrás dela,
Logo o seu cavalo 
Ela vai parar,
Vou me aproximar 
Olhando pra ela.

Perto do cavalo
Vou dizer pra ela:
"Desmonte da sela
Vamos conversar!
Ela vai descer 
Com satisfação,
E na sua mão 
Hoje vou pegar.

Ali na estrada
Eu vou abraça-la,
Depois vou beija-la
Com muita cautela,
Até ela vir
Vou ficar pensando,
Louco esperando
Ela da janela.


Cicero Manoel
Santana do Mundaú - AL
27 de Abril de 2010

quarta-feira, 28 de março de 2012

O RAPAZ QUE COMEU BOSTA PRA SABER QUE GOSTO TINHA




























(Autor: Cícero Manoel)

Eu fui criado na roça
Em um bonito sertão,
E perto da minha casa
Lá na minha região,
Morava um certo rapaz
Chamado, Zeca Fofão.

Zeca Fofão era filho
Da velha, Dona Dorinha,
A mente do empestado
Estava quase doidinha
De tanto ele imaginar
O gosto que bosta tinha.

 Ele ficava pensando:
“Toda bosta é fedorenta,
Bosta não deve ser bom,
Toda bosta é nojenta,
Tem bosta que fede tanto
Que eu tranco até a venta”.

Zeca Fofão todo dia
Ficava num vai e vem
Se perguntando: “Será
Que bosta faz mal ou bem?
Tem bosta feia e bonita,
Mas que gosto bosta tem?”

Ele dizia: “Tem bosta
Que causa admiração,
Tem cada tipo de bosta
Que espanta até Cão,
Mas tem bosta tão bonita
Que parece até pirão!”

Nessa agonia danada
Ele chegou a ficar,
Sua curiosidade
Ia acabar lhe matar,
Aí, uma decisão,
Um dia chegou tomar.

Certa manhã caladinho
Sem dizer nada a ninguém
Disse ele : “Hoje eu como bosta
Pra saber que gosto tem,
E vou comer é a minha,
Que é linda pra mais de cem!

Minha bosta é de primeira,
Minha bosta tem valor,
É tão linda que a beleza
Espanta até o fedor,
Pois eu vou provar a bicha
Mais tarde no cagador.”

O cagador do danado
Dentro dos matos ficava,
Num tronco de bananeira
Onde ele se apoiava,
Todo dia nesse canto
O miserável cagava.

Um dia pela manhã
Ele comeu um mamão
E uma banda de abóbora
Cozinhada no feijão
Pra cagar amarelinho
Uma bonita porção.

Quando foi no fim da tarde
Ficou ele a esperar,
O mamão fazer efeito
Para ele ir cagar
Quando a vontade apertou
Ele disse: “Eu vou provar!”

Correndo pra sua moita
Zeca Fofão disparou,
Na moita desceu a sunga,
Ligeiro se acocorou,
Impando que só o Cão
Uma tuia ele cagou.

Quando acabou a cagada
Alevantou o calção,
Aí falou: “É agora!
Vamos lá Zeca Fofão!”.
Deu uma olhada na bosta
E nela atolou a mão.

Danou o dedo na bosta
E apanhou um bocado,
Quando ele sentiu o cheiro
Disse: “O fedor tá danado,
Mas eu vou provar a bicha,
Pra saber o resultado!”

Aí com a outra mão
A venta ele trancou,
Para provar sua merda
A boca ele arreganhou
E a dedada de bosta
Na boca ele botou.

Quando ele sentiu o gosto
Naquela ocasião
Na mesma hora ele fez
Uma careta do Cão
E numa grande agonia
Cuspiu a bosta no chão

Lhe deu uma agonia,
Botou para vomitar,
Cuma catinga danada
Chegou então a falar:
“Nunca mais na minha vida,
Bosta, eu quero provar!”

Ainda continuou:
“Ai meu Deus que gosto ruim!
Não pensei que minha bosta
Fosse tão horrível assim,
Ai meu Deus, e se essa bosta
Fizer algum mal a mim?”

Aí todo atrapalhado
Para trás ele vastou,
Nessa hora o desastre
Do infeliz inteirou,
Na sua tuia de bosta
O seu pé ele enfiou.

Sua alpercata na bosta
Ficou toda apregada,
Ele então puxou o pé
Com uma raiva danada
E disse: “Na minha vida
Foi essa a pior cagada.”

A bosta na alpercata
Lá no chão ele alimpou,
Correu ligeiro pra casa
Com água a boca lavou,
Mas ela por muitos dias
Fedendo a bosta ficou.

Zeca matou desse jeito
Sua curiosidade,
De comer bosta outra vez
Nunca mais sentiu vontade,
Um dia deixou a roça
E danou-se pra cidade.

Zeca hoje odeia bosta,
Dela não quer nem saber,
Hoje quando vai cagar
A bosta ele nem quer ver
Hoje o infeliz só caga
Porque precisa viver.

E se você quer saber
O gosto que bosta tem,
Quando você for cagar
Prove um pouquinho também,
Garanto você não morre,
Bosta não mata ninguém.

FIM


quarta-feira, 21 de março de 2012

O HOMEM QUE SONHOU BEIJANDO UMA ÉGUA


























Ontem à tarde eu encontrei
Meu amigo Zé Maria,
A mão dele eu apertei,
Botamos o papo em dia,
Algo que lhe aconteceu
Ele me contou e eu
Hoje comecei pensar,
Pois como poeta sou,
O que ele me contou
Em versos eu vou narrar.

Zé Maria me contou
Que, num dia de invernada,
Foi pra casa e se deitou
Com sua esposa amada,
Na cama ele agarrou ela
E grudado no corpo dela
Ele então madornou,
Com a esposa agarrado,
Um sonho amaldiçoado,
O danado então sonhou.

Ele sonhou que estava
Passeando num cercado,
Enquanto ele passeava
Houve algo inesperado,
Uma égua, no momento,
Viu o coitado lá lento
E dele se aproximou,
Quando ele avistou ela,
Correndo se afastou dela,
Mas ela o acompanhou.

Numa cerca ele parou
E lá ficou encostado,
A égua se aproximou
Aí ficou do seu lado,
Ele então olhou pra ela,
E disse: “Eguinha bela
O que você quer com eu?”
A égua deu mais um passo,
Deu um relincho em compasso,
E veja o que aconteceu.

No rosto de Zé Maria
O focinho ela encostou,
Com medo, o pobre tremia
E veja o que se passou:
Na boca do coitadinho
Ela grudou o focinho,
E deu um beijo colado
O animal não deu trégua,
E Zé, com nojo da égua,
Se defendeu enraivado.

Sendo beijado por ela
Ele inchou que só o Cão,
Aí, no focinho dela,
Ele então meteu a mão,
O beijo a égua parou.
Aí o sonho acabou,
E Zé acordou-se irritado,
Viu a esposa chorando,
Com a venta toda sangrando
E o pau do nariz quebrado.

Aí ele perguntou:
“Mulher o que aconteceu?”
A mulher pra ele olhou
E na hora respondeu:
“Você tava ressonando,
Eu peguei lhe abraçando,
Lhe dei um beijo colado,
Aí você se torceu,
Encheu a mão e me deu
Um tabefe condenado!”

Zé Maria, nessa hora,
Pra ela o sonho contou,
Só que a sua senhora
Nele não acreditou,
A pobre passando mal
Partiu pra um hospital,
E ele saiu atrás dela
Tristonho se desculpando,
E, a toda hora contando,
O sonho horrível pra ela.

Sítio Ilha Grande
Santana do Mundaú - AL
30 de Janeiro de 2011.