segunda-feira, 28 de abril de 2014

NUNCA MAIS EU VI HELENA




























A chuva cai sobre a terra
Crescem as ervas daninhas,
Vendo o solo bem molhado,
As árvores bem verdinhas,
Eu vou contar uma prosa
Algumas emoções minhas.

Nessa tarde de inverno
Vendo o campo verdinho,
Sentado aqui na varanda
Pensando aqui sozinho,
Pergunto: “Onde está Helena
Meu eterno amorzinho”?

Helena era uma morena
Bonita e muito formosa,
Tinha os cabelos longos,
Tinha um cheiro de rosa,
O olhar encantador
Fascinante, caprichosa.

Eu me encantei por ela,
Cheguei me apaixonar,
Até que um certo dia
Eu cheguei me declarar,
E nesse dia então
Falei pra lhe namorar.

Ela aceitou na hora,
E num abraço apertado,
Dei-lhe um beijo arrepiante
Loucamente apaixonado,
Ela aceitou meus carinhos
Me chamando de amado.

Tínhamos dezesseis anos
No berço da juventude,
Eu era forte, sadio,
Numa perfeita saúde,
Pra ter Helena a meu lado
Esforcei-me o quanto pude.

Aquele amor da gente
Era de grande agrado,
Tanto de minha família
Como a do meu anjo amado,
Meu sonho era com ela
Em breve estar casado.

No interior vivíamos
Numa fazenda singela,
Eu era louco de amor
Por minha Helena bela,
Logo completou um mês
Que eu namorava com ela.

Minha família e a dela
Vivíamos arrendados,
Ali naquela fazenda
Nós éramos empregados,
Então pelo fazendeiro
Podíamos ser despejados.

Pois assim aconteceu,
Foi triste o que se passou,
A família de Helena
Em um fim de mês chegou
E a renda ao fazendeiro
O pai dela não pagou.

Dinheiro o pai de Helena
Não conseguiu ajuntar,
E a quantia ao fazendeiro
Não teve com que pagar
O fazendeiro então
O mandou se retirar.

Pra deixarem a fazenda
Ele só deu uma hora,
Da fazenda ele mandou
A família ir embora,
Quando lembro aquela cena
Meu coração dói e chora.

Helena me procurou
Chorando desesperada,
Contou-me o acontecido
E disse emocionada:
- A pouco irá embora
A sua doce amada.

Eu a abracei bem forte
E sua boca beijei,
Olhei nos olhinhos dela
E desse modo falei:
-Helena fica comigo!
Com você me casarei!

Helena assim me falou:
- Olhe te amo de mais,
Desculpa mas eu preciso
Acompanhar os meus pais,
Eu te amo, mas pra mim,
Eles são especiais.

Eu ainda insisti
Dizendo: - Queira ficar,
Juro vou fazer de tudo
Para nós dois se casar
Vou fazer uma casinha
Para com você ir morar!

Ela disse: - Meu amor
Meu coração tá ferido,
Eu te amo e queria
Ter você como marido,
Mas preciso ir com meus pais
Mais tarde terei partido.

Mas uma vez no momento
No seu corpinho colei,
Abraçando-a bem forte
Mais uma vez a beijei
Pois foi a última vez
Que ela eu abracei.

Olhando bem nos meus olhos
Virou o corpo de lado,
Se foi e lá me deixou
Sofrendo alucinado,
Com meu pensamento nela
Chorando desenganado.

Com sua mãe e seu pai
A fazenda ela deixou,
Daquele dia pra frente
Não sei onde ela pousou,
A família de Helena
Não sei aonde parou.

Daquele dia pra frente
Confesso quase endoidei,
Por Helena em muitos cantos
Da região procurei
Mas o endereço dela
Por lá eu não encontrei.

Depois de muita procura
Me tornei um infeliz,
Até que um dia um homem
Chega para mim e diz
Que Helena com seus pais
Foram pro sul do país.

Sofri muito por Helena
Eu fiquei desesperado,
Adoeci de amor,
Emagreci um bocado,
Muitas noites não dormi
Por ela apaixonado.

Não fui pro sul do país
Pra ver se a encontrava,
Fiquei mesmo no Nordeste
Na fazenda onde morava,
Os meses foram passando
E nela eu sempre pensava.

Ali naquela fazenda
Dois anos chegou passar,
De lá com minha família
Chegamos nos retirar
E numa simples cidade
Nós então fomos morar.

Naquela simples cidade
Um pouco eu estudei,
Com uma moça da escola
Tempos depois me casei,
Tive dois filhos com ela
Com muito amor os criei.

Já está com sete anos
Que minha esposa morreu,
Com setenta e seis anos
Hoje aqui estou eu,
Recordado muita coisa
Que esse velho já viveu.

Mas durante todo o tempo
Que casado eu estava
Confesso que em Helena
Alguma vez eu pensava
Onde ela foi parar
Ou onde ela estava.

Hoje estou velho acabado
Esperando a morte chegar,
No peito tenho uma ferida
Que nunca chegou curar,
É uma mágoa antiga
Que chega me maltratar.

Queria realizar
Daqui para eu morrer
Um desejo muito antigo
Que muito me faz sofrer
A minha doce Helena
Muito eu queria rever.

Se ela ainda está viva
Só Deus pode revelar,
Se estiver setenta e sete
Anos irá completar
Sei que vou morrer e nunca
Mais vou poder lhe avistar.

Quem sabe no outro mundo
Se Deus assim permitir,
Vou matar minha saudade
Seu corpinho vou sentir
Não vou perde-la mais nunca
Vou ser feliz vou sorrir.

Mas se ela estivesse viva
E eu lhe encontrasse um dia,
Saudade, velhice, mágoa,
Nessa hora passaria
E se fosse a minha hora
Bem feliz eu morreria.

Não sei onde entrou Helena
A minha flor preferida,
A mulher que eu sempre quis,
Minha amada querida,
Helena foi a mulher
Que mais amei nessa vida.

Sentado nessa varanda
Com uma caneta na mão,
Escrevi em um caderno
Aqui nessa ocasião
Um pouco sobre a vida
De um velho bobalhão.

Digo velho bobalhão
Porque um apaixonado,
Vive pelos cantos bobo
Sorrindo apaixonado,
Ainda vivo assim
Só que mais amargurado.

Caro leitor se você
Sabe onde Helena mora,
Procure esse pobre velho
Peço por nossa senhora
Traga o endereço dela
Que vou revê-la na hora.

Agora nesse momento
A caneta vou parando,
Chove muito nessa hora
O vento passa soprando
Sinto o cheiro de Helena
Na minha venta passando.

Cicero Manoel
11 de Julho de 2013
Santana do Mundaú-AL



sexta-feira, 25 de abril de 2014

ACORDANDO NA REDE



Nessa manhã vejo o sol
Nascendo pela janela
Vou me levantar da rede
Calçar a minha chinela
O dia hoje está lindo
Eu me acordei sorrindo
Na minha casa singela.

Vejo mamãezinha bela
Lá na cozinha cantando
Uma bonita canção
Que no rádio está tocando
A "asa branca" ela canta
Cedinho ela se levanta
O café tá preparando.

Também estou escutando
Uma batida pesada,
É meu pai que está no trilho
Batendo sua enxada
Pra quando tomar café
Ir trabalhar a seu zé
No sítio serra pelada.

Aqui vejo a passarada
Voando lá no pomar,
Um beija-flor na janela
Vejo agora passar
Ouço uma melodia
De um azulão nesse dia
Num galho seco a cantar.

A vaca chega berrar
No aceiro do terreiro,
Cochila aqui no alpendre
Meu cachorro ligeiro
Que pega Tejo grandão
E espanta gavião
Se vier pro galinheiro.

Sou um mocinho solteiro
De dezesseis de idade,
Vou selar o meu cavalo
Mais tarde vou na cidade
A pedido de mãezinha
Vou comprar fuba e farinha
Na venda de Seu Andrade.

Eu vou com felicidade
Galopando nesse chão,
Mas antes de ir na rua
Vou ver a minha paixão
Uma morena prendada
Que é minha namorada
Dona do meu coração.

Eu aqui nesse sertão
Vivo com muita alegria,
Aqui sou muito feliz
Com fé na Virgem Maria
Só aqui sinto prazer
E aqui quero viver
Até meu último dia.

Cicero Manoel
Santana do Mundaú-al
21 de dezembro de 2013