domingo, 15 de dezembro de 2013

Ela passa rebolando me matando de paixão



Eu fico numa calçada
Esperando ela passar,
Quando chego lhe avistar
Toda bonita arrumada
Uma deusa encantada
Que domou meu coração
Fico caído no chão
Quando vejo ela passando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

Ela é minha fantasia
Todo dia vou à praça
Lá vejo quando ela passa
Com toda sua magia
Eu só queria um dia
Pegar aquele avião
E sair sem direção
Pelo espaço voando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

Ela é muito formosa
Seu corpo é só belezura
Tem uma linda cintura
Cada perna preciosa
É a mulher mais gostosa
Que já vi na região
Eu vivo na solidão
Dela estou precisando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

Ela usa uma sainha
Que me deixa aperreado
O seu corpo bem sarado
A faz ficar mais gatinha
Só passeia de blusinha
Mostrando a perfeição
O seu decote padrão
Me deixa quase babando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

O seu cabelo pretinho
Comprido bem penteado
Tem um cheiro perfumado
Que ao sentir fico doidinho
Pobre desse coitadinho
Com ela no coração
Fica igual um bestão
Pensando nela e sonhando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

Não consigo lhe falar
Que estou apaixonado
Pois todo dia sentado
Eu vejo ela passar
Sei que nunca vou ficar
Com aquele mulherão
O desejo e a atração
Por dentro está me matando
Ela passa rebolando
Me matando de paixão.

Cicero Manoel
Santana do Mundaú - AL
14 de novembro de 2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

O PLANTADOR DE LARANJA




















Moro aqui em Mundaú
Na maior tranquilidade.  
Possuo um taco de terra,
Num sítio dessa cidade:
Só planto Laranja Lima
Na minha propriedade.

Eu colho Laranja Lima
De inverno a verão.
Sou um grande produtor,
Importo de caminhão,
Laranja Lima é o ouro
Dessa minha região.

Aqui nesse município
Eu nasci e me criei.
Por aqui uma morena
Uma tarde eu avistei.
Olhei três vezes pra ela
E logo me apaixonei.

Era uma moça bonita
Do olhar encantador.
Fiquei maluco por ela,
Enlouqueci de amor,
Sonhei me casar com ela
Aqui nesse interior.

Então, eu lhe procurei
Aqui nessa região
E pra ela declarei
Toda a minha paixão.
Pedi ela em namoro
E lhe dei meu coração.

Depois que me declarei
A moça chegou zombar.
Olhou pra mim no momento
E chegou a me falar:
“Cum plantador de laranja,
Eu não quero me casar!”

Fui pra casa magoado
Sofrendo com minha dor.
Sempre fui homem direito,
Bastante trabalhador...
Mas a bonita morena
Não aceitou meu amor.

Outro dia na cidade
Avistei num reservado
Ela sentada no colo
Dum cabra mal encarado
Dos olhos da cor de brasa
E do corpo tatuado.

Não aguentei ver aquilo,
Doeu o meu coração.
Meses depois avistei
Ela na televisão
Do lado do namorado
Na mala dum camburão.

Demorei pra esquecê-la.
Fiz o papel de pamonha.
Em vez dum cabra direito,
Não quis a tal sem vergonha
Um plantador de laranja,
Preferiu um de maconha.


(Cícero Manoel, Santana do Mundaú-AL, 29 de novembro de 2013)

sábado, 30 de novembro de 2013

RELATO DA ENCHENTE DE 2010 EM SANTANA DO MUNDAÚ



(Autor: Cicero Manoel)


Com caneta e papel
Sentado numa cadeira,
Vou contar neste cordel
Uma história verdadeira
Terminada em tragédia
Destroços e bagaceira.

Dia 14 de Junho
De 2010 então,
Santana do Mundaú
Com sua população
Completou 50 anos
De sua emancipação.

Houve uma festa bonita
Feita pra comemorar,
Banda Gatinha Manhosa
Fez a cidade dançar,
Mas deixa que o pior
Estava por esperar.

Dia 18 de Junho
Por volta da madrugada
No Vale do Mundaú
Começou a chuvarada
Por estradas e barrancos
Descia a enxurrada.

O dia amanheceu chovendo,
A chuva continuou,
Naquela manhã de Sexta
Choveu e não estiou
Choveu o resto da tarde
E a chuva não parou.

O tempo só estiou
Já na outra madrugada,
Quando o Sábado raiou
Eu peguei uma estrada
E fui olhar os estragos
De toda a chuvarada.

O estrago que causou
Agora vou relatar:
O estrago foi enorme,
Meu Deus foi de assombrar!
O que a chuva causou
Não dava pra acreditar.

A chuva encheu os riachos
Que ligeiro transbordaram,
Acabou com as estradas
Grandes crateras ficaram,
Com a erosão da água
As barreiras arriaram.

Nosso Rio Mundaú
Botou uma grande enchente,
Desceu lá de Pernambuco
Assombrando toda gente,
No estado de Alagoas
Ela chegou de repente.

Lá dentro de Mundaú
À tarde a cheia chegou,
A água tomou as ruas,
A cidade inundou,
Só quem morava nos altos
Foi quem dela escapou.

A água entrou nas casas,
O povo chegou correr,
Foi pros lugares bem altos
Para a vida não perder,
A água cobriu as casas,
Móveis chegaram descer.

Foi-se a Rua da Cacimba
E a Rua da Baixinha,
A Farmácia Santo Antônio
Caiu com o prédio que tinha
E no Mercadinho Esquina
Desceu tudo que continha.

A cidade acabou-se
Foi triste o que aconteceu,
O Mercado Econômico
Do chão desapareceu
E a calçada da igreja
A cheia ainda lambeu.

Na Rua Pereira Maia
Nas casas a água entrou,
A Cohab da cidade
Quase toda se acabou
E o prédio dos Correios
Somente o lugar ficou.

Foi-se o Mercado de Carne
Também o de cereais,
Foi-se o Posto de saúde
Muitas casas principais
Desceu a biblioteca
Com livros especiais.

O prefeito Elói da Silva
Da cheia não escapou,
Só com a roupa do couro
Nas ruas ele ficou
E seu casarão do sítio
Somente o lugar restou.

Pois as águas só baixaram
Na manhã do outro dia,
Pelas ruas da cidade
Foi uma enorme agonia
Centenas de Mundauenses
Ficaram sem moradia.

Muitos ficaram sem tetos,
Sem lugar para morar,
Na Escola Monsenhor Clóvis
Muitos foram se arranchar
Padre Nilton na igreja
Muitos chegou abrigar.

A cidade destruiu-se
Tudo ficou arrasado,
Bem na cabeça da ponte
Ficou um rombo danado,
Nas ruas ficou crateras
Com lama pra todo lado.

Muita gente perdeu tudo
Mas conseguiu escapar,
Só com a roupa do couro
Muitos chegaram ficar,
Vendo seus tetos caídos
Sem podê-los levantar.

No meio daquela enchente
Muitas pessoas ficaram,
Em seus primeiros andares
Onde então se abrigaram
Sentiram o cheiro da morte
Por milagre escaparam.

Cercados pela enchente
Que lá de cima descia,
Só Deus para socorrê-los
Foi horror naquele dia
Se os seus prédios caíssem
Todo mundo morreria.

Mas graças a nosso Deus
Muita gente não morreu,
Na cidade só um homem
Com o seu prédio desceu
Ficou desaparecido
Com certeza faleceu.

Até Seu Ciço da Ponte
Com a família correu,
A sua casa inundou
E por pouco não cedeu,
Na barreira de piçarro
A água ainda bateu.

Foi essa a maior enchente
Que o Rio Mundaú botou,
A famosa Ponte Nova
Nessa enchente arriou
Caiu quase por inteiro
Mas um pedaço ficou.

Pra ver a ponte caída
Muita gente foi olhar,
O pessoal ficou preso
Sem ter como atravessar
O povo de vários sítios
Ficou sem poder passar.

No outro lado da pista
Ninguém podia chegar,
Só chegava lá pista
Quem conseguisse nadar
Mas logo deram um jeito
Que deu pra remediar.

Lá no pedaço da ponte
Que ficou bem atrepado,
Coloram uma escada
Do chão pro taco quebrado
Com isso o povo subiu
Pra chegar no outro lado.

Já que a escada era o jeito
Pra atravessar o rio,
Subia gente com medo
Tremendo com calafrio,
Subia moça, menino,
Mulher vovô e titio.

Por esse tempo Alagoas
Foi o centro do Brasil,
Pra ajudar Alagoas
Muita gente se uniu,
E até o presidente Lula
Pra Alagoas seguiu.

Toda imprensa do Brasil
Veio a nossa região,
Filmar todo o sofrimento
Da nossa população
Fomos a grande notícia
Do rádio e televisão.

Concluo aqui os meus versos
Iniciando uma prece
Cicero Manoel termina
Esse cordel e agradece
Rogando a Nosso Senhor
O Deus que me fortalece.

(Sítio Ilha Grande / Santana do Mundaú – AL / 24 de junho de 2010)