No vale do
Mundaú,
Região que
me abriga,
Eu busco
inspiração
Perdido numa
fadiga,
Para fazer
um cordel
Sobre a
Serra da Barriga.
Nossa Serra
da Barriga
Esse lugar
altaneiro,
Desde o ano
Oitenta e Seis
Tornou-se no
mundo inteiro,
Patrimônio cultural
Desse solo
brasileiro.
Em Dois Mil
e Dezessete
A Serra mais
se elevou,
Seu título
de patrimônio
Um grau mais
alto alcançou,
Patrimônio
cultural
Do Mercosul
se tornou.
Em meio à
zona da mata
Do estado de
Alagoas,
Em União dos
Palmares,
Em terras
férteis e boas,
Fica situada
a Serra
Visível para
as pessoas.
A Serra
abrange uma área
De
aproximadamente,
Uns 28 quilômetros
Quadrados,
perfeitamente,
Com terrenos
cristalinos
E clima
úmido e quente.
Também fica
no planalto
Meridional
da Borborema,
Essa serra
tão famosa
Pra quem
Jorge fez poema
E sobre a
qual li num livro
Sua história
e seu dilema.
Para
entender o porquê
Da Serra ser
tão querida
E nesse
mundo inteiro
Ser bastante
conhecida,
É preciso na
história
A gente
fazer partida.
No século
XVII
Nesse ponto
do Brasil
O Quilombo
dos Palmares
Por décadas
existiu,
Um centro de
resistência
Como ele
nunca se viu.
Das senzalas
dos engenhos
Quando um
escravo fugia,
Seguindo os
rastros nas matas
Para
Palmares corria,
Lá ele
ganhava terras
Apoio e
moradia.
Por inúmeros
mocambos
Palmares era
formado,
Mas o centro
principal
Desse reino
encantado,
Era a Serra
da Barriga
Lugar
privilegiado.
Naqueles
tempos de luta
A história
assim se deu,
O mocambo de
Macaco
Na Serra se
estendeu
E o centro
de Palmares
Nessa se
estabeleceu.
Quase trinta
mil pessoas
O Quilombo
abrigava,
Lá na Serra
da Barriga
Ficava quem
liderava
Aquele que
no Quilombo
Soberano
governava.
Dos líderes
do Quilombo
O último foi
Zumbi
Que nasceu
naquela serra
Mas não se
criou ali,
Voltando com
quinze anos
Tornando-se
rei dali.
Lá na Serra
da Barriga
Sua terra
tão amada,
Zumbi travou
uma luta
Entre a
flecha e a espada
Guerreando
contra os brancos
Numa batalha
armada.
Nessa luta
contra os brancos
Palmares
enfraqueceu,
Lá na Serra
da Barriga
Rio de
sangue escorreu,
Zumbi para
não morrer
Fugiu e se
escondeu.
Nessa batalha
sangrenta
Num conflito
estendido,
No ano
Noventa e Quatro,
Macaco foi
destruído
Por Domingos
Jorge Velho,
Bandeirante
conhecido.
Tempo depois
noutra serra
Zumbi foi
capturado,
No ano noventa
e cinco
Terminou
assassinado,
Dia vinte de
novembro
Teve o
pescoço cortado.
A data de
sua morte
Pra sempre
ficou marcada.
Nessa data
memorável
Onde a luta
foi cessada,
Nossa
Consciência Negra
Todo ano é
celebrada.
A Serra hoje
é um ponto
De grande
visitação,
Vem gente de
todo o mundo
À cidade de
União,
Para visitar
a Serra
Símbolo de
libertação.
Numa altitude
de quase
Quinhentos
metros de altura,
O povo que
vai a Serra
Vibra na
beleza pura,
Conhece a
sua história
Seu povo e
sua cultura.
Lá na Serra
tem mirantes
Pra apreciar
a paisagem,
Palmeiras em
quantidade
Com uma
linda folhagem
E um
percurso acessível
Pra ajudar
na viagem.
Você
encontra cabanas
Representando
alguns lares,
Usando a
arquitetura
Do Quilombo
dos Palmares
Além de
peças de barro
De tecido e
de colares.
As coisas da
Serra deixam
Os turistas
encantados,
Como a Lagoa
dos Negros,
Um dos
lugares sagrados,
Onde muitos
rituais
Já foram
realizados.
Planeje sua
viagem
Para visitar
a Serra,
Onde o
espírito de Zumbi
E dos seus
irmãos de guerra
Repousam
eternamente
No pó suave
da terra.
(Cícero Manoel / Santana do Mundaú-AL / 23 de
outubro de 2019)