Numa bonita fazenda
Lá no meu lindo sertão,
Habitava em um cercado
Um cavalo alazão,
Seu dono o estimava
E com carinho o amava
Dentro do seu coração.
Numa tarde de verão
O cavalo a galopar,
Sua pata em um buraco
Chegou então enganchar,
Tentando tirar a pata,
Numa hora muito ingrata
A pata veio a quebrar.
Caído e sofrendo muito
Seu dono o encontrou,
E vendo a pata quebrada
Logo se prontificou,
Foi na fazenda rosário
Buscou um veterinário,
Este, o examinou.
Disse o veterinário
Ao olhar o animal:
“A pata está quebrada
E ele está muito mal
Mas enfaixei com carinho
E amanhã o bichinho
Pode amanhecer legal!”
Aí foram para casa
Depois de examiná-lo,
E disse o veterinário:
“Mas se amanhã o cavalo
Caído amanhecer,
Só há um jeito a fazer,
A gente sacrificá-lo.”
Nesse momento um porco
Que estava ali de lado,
Escutou essa conversa
E saiu desesperado
Foi procurar o cavalo
E ao chegar encontrá-lo
Contou tudo apressado.
Disse: “Compadre cavalo
O senhor está ferrado,
Se o senhor amanhecer
Amanhã aqui deitado,
Ouvi o Doutor falar
Que sua vida vai tirar,
Tu vai ser sacrificado!
O cavalo ouvindo isso
Botou então pra chorar,
E o porco com pena dele
Chegou a lhe abraçar
E disse: “Amigo estimado
Amanheça levantado
Ou eles vão lhe matar!”
Na manhã do outro dia
Fez um cavalo um esforço,
E conseguiu levantar-se,
Esticou o seu pescoço,
Pra frente um pouco andou
E por sentir dores parou
Mesmo na beira de um poço.
Chegou o veterinário
Na casa do fazendeiro,
E foram olhar o cavalo
Amigo e verdadeiro,
Quando o dono o viu de pé
Gritou: “Viva São José
O meu santo padroeiro!”
O veterinário olhou
E disse: “Vai melhorar!”
Disse o dono: “Eu tenho fé
Que bom ele vai ficar!
Seu Doutor vamos embora
Vou matar o porco agora
Pra gente comemorar!”
Então com o veterinário
Pra casa ele correu,
Em casa sangrou o porco,
Assou o bicho e comeu,
Fez um enorme festão
E em vez do alazão
O porco foi quem morreu.
Cicero Manoel Cordelista / Sítio Ilha Grande / Santana do
Mundaú – AL / 16 de Janeiro de 2015