quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A PRIMA DA CAPITAL



Numa época de férias
Lá no meu interior
Chegou uma prima minha
Bonita igual uma flor
Ha tempo eu a tinha visto
Ao vê-la senti amor.

Veio lá da capital
Veio pra nos visitar,
Quando vi sua beleza
Cheguei me apaixonar
Toda vez que eu a olhava
Só em pensava em lhe beijar.

Eu tinha dezoito anos
E dezesseis ela tinha,
Tão nova e tão faceira,
Com uma linda boquinha,
Um corpo de enlouquecer
Com uma bela cinturinha.

Usava cada sainha...
Cada blusa decotada
Que eu ficava em sua frente
Olhando ela sentada
Delirando de desejo,
Meu Deus que prima danada.

Não demorou muito e ela
Começou me provocar
Quando passava por mim
Chegava me abraçar
E beijava meu pescoço
Pro meu desejo aumentar.

Aquilo iria dar coisa
Pois veja o que se passou
Meus pais um dia saíram
E comigo ela ficou
Foi uma tarde tão quente
Que a casa incendiou.

Incendiou de desejo
De loucura e de prazer,
O que eu sentia por ela
Logo cheguei lhe dizer
Depois que lhe falei tudo
Cheguei me surpreender.

Ela me abraçou forte
Aí já foi me beijando
Disse que ao me avistar
Por mim foi se encantando
E chegou me confessar
Que estava me desejando.

Então naquele momento
Fogo na casa botamos
Entre beijos e carinhos
Lá no meu quarto paramos
E nossos loucos desejos
Em minha cama matamos.

Foi a tarde mais gostosa
Que eu já cheguei passar
Eu fiquei louco por ela
Passei a mais lhe amar
E numa manhã falei
Pra com ela casar.

Ai ela me olhou
Na hora disse: não.
Disse que o seu lugar
Não era no meu sertão
Disse que estava ali
Somente por diversão.

Com quatro dias depois
Se foi para capital
Chorando muito magoado
Eu fiquei passando mal
Quando ela ao se despedir
Beijou-me e disse: tchau!

Se foi para capital
Notícias nunca me deu,
Para mim nunca ligou
Também nunca me escreveu
Nesse interior ninguém
Padece mais do que eu.

Depois que ela se foi
Juro pensei me matar,
Mas eu ergui a cabeça
E cheguei me consolar
Nessa vida tudo passa
E esse amor vai passar.

Finalizo por aqui
No meu velho interior
Sofrendo apaixonado
Por uma bonita flor
Que passou em minha vida
E só me deixou a dor.

Cicero Manoel
25 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

OS VERBOS DO MEU AVÔ



PÔR, BOTAR e COLOCAR
Três verbos do português,
Um define o outro verbo
São sinônimos os três
Eu então observei
Vovô fala-los um mês.

Vovô Mané é um velho
Analfabeto valente,
Pronuncia esses verbos
No dia a dia da gente
E seus significados
Para ele é diferente.

O verbo PÔR é assim
Só sai da sua boquinha
Pra narrar um ocorrido
Lá no ninho da casinha
Porque pra ele rapaz,
Só quem PÕE mesmo é galinha.

COLOCAR ele não fala,
Ele fala “INCALOCAR”,
Que é pegar uma coisa
E botar n’outro lugar,
Definição bem correta
No padrão do linguajar.

Agora o verbo BOTAR
Para ele é palavrão,
Para ele é coisa feia
E sua definição
Lhe digo que ela tem
Haver com penetração.

Vovô Mané é portanto
Um cidadão exemplar
Define assim esses verbos
Em sua língua popular,
E pronuncia assim:
PÔ, BUTAR e INCALOCAR.

CICERO MANOEL
UNIÃO DOS PALMARES-AL
10 DE DEZEMBRO DE 2013


sábado, 1 de fevereiro de 2014

AMANHÃ EU ESTAREI ME CASANDO


Sentado num tamborete velhinho
Nessa noite de inverno muito fria
No meu peito sinto uma grande alegria
Esse pobre não ficará mais sozinho
Nessa hora posso estar sem carinho
Mas amanhã mais ou menos nessa hora
Estarei junto com minha senhora
Em seus braços lhe beijando e lhe abraçando
Amanhã na igreja estará casando
Esse cabra que está solteiro agora.

Tô aqui bem na porta da casinha
Que eu fiz para com ela morar,
É de taipa ontem cheguei acabar
De fazer essa nossa taperinha,
Minha amada é uma linda mocinha
Uma bela morena bem prendada
Amanhã comigo estará casada
E vai ser pra sempre a minha mulher
E conforme o Nosso Senhor quiser
Nossa vida vai ser muito abençoada.


Sou por ela bastante apaixonado
Eu a amo mais que tudo nessa vida
Eu a quero para ser minha querida
Eu a quero para sempre do meu lado
Essa casa vai ser nosso lar sagrado
Aqui vamos viver a nossa paixão
Com certeza a nossa bela união
Deus o pai já chegou abençoar
Amanhã quando com ela eu casar
Vou lhe dar pra sempre o meu coração.

Lá na roça vou trabalhar todo dia
Nessa casa nada nunca vai faltar
Amanhã depois que eu me casar
Vou viver no mundo da fantasia
E com fé na minha Virgem Maria
Três meninos com ela eu quero ter
Junto dela eu quero vê-los crescer
Correndo no chão desse interior
Nossa vida vai ser somente de amor
Nessa casa felizes vamos viver.

Cicero Manoel
Santana do Mundaú - AL
1 de Fevereiro de 2014