(Cícero Manoel)
Eu ainda
era um donzelo,
Um sujeitinho
magrelo
Desses da
cara lambida.
Quando em uma
tarde plena,
Eu vi a
mais linda cena
De toda a
minha vida.
Eu era um
adolescente
De quinze
anos, somente,
Vivia como
um qualquer.
Com meu
jeito ameninado,
Nunca tinha
reparado
Direito em uma
mulher.
Mas para
mim a donzela
Mais formosa
e mais bela
Lá no
nosso interior,
Era a
prima Açucena,
Uma bonita
morena
Do sorriso
encantador.
Foi quando em nossa casinha,
Faltou água
na cozinha
E mamãe
veio ao terreiro.
Me viu e
foi me dizendo:
-- Vá na
cacimba correndo,
E traga
água ligeiro!
Botei um
balde de lado
E a água
apressado
Na cacimba
fui buscar.
Quando fui
chegando nela,
Eu vi a
coisa mais bela
Que eu já
pude avistar.
De relance
eu vi a cena:
Minha prima
Açucena
Tomando banho
despida.
Essa cena
preciosa,
Foi ela, a
mais prazerosa,
Que eu já
assisti na vida.
Numa moita
me escondi,
Dali escondido
eu vi
Ela molhando
os cabelos.
Em seu
corpo as mãos passando,
Abrindo a
boca e fechando
Acariciando
os pêlos.
Observei direitinho
As curvas
do seu corpinho
Formoso e
bem desenhado.
Enquanto a
espionei,
De boca
aberta fiquei,
No meu
canto, deslumbrado.
Meu balde
caiu da mão,
Ela percebeu,
então,
Que tinha
alguém lhe vendo.
Apressada
se vestiu
E assustada
saiu
Pra sua casa correndo.
Levei a
água pra casa
E quente
como uma brasa
Não parava
de pensar,
No corpinho
priminha,
E na cena
que eu tinha
Acabado de
avistar.
E depois
daquele dia
Na cacimba
eu sempre ia
Pra ver se
eu a via nua.
Mas não vi
mais a danada,
Uma tarde
a desgraçada
Fugiu com
um cabra da rua.
Hoje já em
alta idade,
Eu tive a
felicidade
De ver
muita cena bela.
Mas garanto
a quem me incita,
Que a
coisa mais bonita
Que eu já
vi foi aquela.
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Jussara – Santana do Mundaú – AL
11 de fevereiro de 2021