(Imagem: Ester Delmiro) |
Na minha adolescência
Na fazenda onde eu morava
Uma mocinha por lá
De vez em quando chegava
O dia olhando pra ela
Se eu pudesse ficava.
Toda vez que ela passava
Eu parava pra olhá-la,
Ela entrou no meu peito
Rápida, como uma bala,
Descobri que a amava
E queria namorá-la.
Sonhando um dia beijá-la
Somente nela a pensar,
Me declarei numa carta
Que alguém foi lhe entregar.
Na carta eu também pedia
Pra com ela namorar.
Ela chegou respostar
E um encontro marcou.
No encontro ela sorriu
E o namoro aceitou.
Depois me deu um abraço
E minha boca beijou.
Nesse dia começou
O namoro meu com ela.
Toda semana no campo
Olhando a paisagem bela
A gente se encontrava
Numa antiga cancela.
Eu era gamado nela,
Com muita intensidade.
Sonhava até me casar
Na igreja da cidade
E lá naquela fazenda
Viver com tranquilidade.
Com muita felicidade
Eu beijava a pequenina,
Cheirava os seus cabelos
Dizendo: - Minha menina,
Vou me casar com você
Porque você me fascina.
Um dia fui encontrá-la
Como um louco sonhador,
E ela naquele dia
Destruiu o meu amor
Acabou nosso namoro
Me deixando só a dor.
Pelo filho do doutor
Acabei sendo trocado.
O meu amor virou ódio
Sofri como um condenado,
Planejei uma vingança
Com o peito apunhalado.
Só o sangue derramado
Curava minha ferida.
O tempo foi se passando
E na minha recaída
Percebi que se matasse
Também perderia a vida.
Deixei pra lá a fingida
E procurei outras flores
Deixei aquela fazenda
Com seus terríveis ardores
Caí no meio do mundo
E busquei outros amores.
Depois de ver muitas cores
Fui rever a minha tenda.
Voltei pra onde cresci
E ao chegar na fazenda,
Quando passei na porteira
Lembrei logo aquela prenda.
Cicero
Manoel
Residencial
Jussara, Santana do mundaú – AL
18 de abril
de 2020