quinta-feira, 28 de maio de 2020

A VENDEDORA DE COENTRO

(Imagem disponível no Google)


..............................................
Duas vezes por semana
Ela passa em minha rua.
Aparece logo cedo
Quando o dia se acentua
Muitas vezes me acordo
Ao escutar a voz sua.


Eu não sei onde ela mora,
Eu não sei o nome dela.
Outro dia eu parei
Para escutar da janela
A sua voz entoando
Uma melodia bela.


Outra manhã, curioso,
Eu abri o meu portão
Para ver se eu conseguia
Avistar sua feição.
Pude ver uma mulher
Levando um carro de mão.


Pele escura, corpo magro,
(Observei-a atento).
Calça, camisa, boné...
E o seu caminhar lento.
Entre uma pausa e outra
Ela grita: “Olha o ‘quento’!”.


Com o carro de coentro
Ela sai a trabalhar.
Passa na rua gritando
Pra todo mundo escutar
Que tem coentro novinho
Pra quem quiser lhe comprar.


É mais uma personagem
Da nossa realidade.
É uma mãe que trabalha
Com muita dignidade.
É uma batalhadora
Aqui da nossa cidade.

....................................................................................
Cícero Manoel
Residencial Jussara, Santana do Mundaú-AL

28 de maio de 2020

domingo, 24 de maio de 2020

A FEIRA DE MUNDAÚ NA ERA CORONAVÍRUS

(Imagem capturada por Nauro Kayque em abril de 2020)


Autor: Cícero Manoel
.................................................

(I)

Com o Corona rondando
Aqui na minha cidade
Nesse sábado acordei
Na minha propriedade
E precisei ir na feira
Pois tinha necessidade.


(II)

Talvez, fui por teimosia,
Só que não foi isso não.
Eu só fui até a feira
Porque tinha precisão.
Mas fui de orelha em pé
E com um medo do Cão!


(III)

Porque o Coronavírus
Já chegou nessa ribeira.
Já anda pegando gente
E só deixando a caveira.
Mesmo assim eu decidi
Que hoje eu ia na feira.


(IV)

Pra feira de Mundaú
Então, eu fui logo cedo,
Com a máscara na cara
Eu saí um pouco azedo,
E quando cheguei na feira,
Aí, foi que eu tive medo.


(V)

Vi logo um monte de gente
Num local amontoado.
Um se relando no outro
Nas bancas vi um bocado,
Enquanto o distanciamento
É o mais recomendado.


(VI)

Me veio na minha mente.
Logo uma interrogação.
Do jeito que eu conheço
A nossa população,
É impossível ter feira
Sem ter aglomeração.


(VII)

Mas parece que o povo
Vem se conscientizando,
Pois hoje não vi na feira
Ninguém se cumprimentando
Com os apertos de mão
Ou mesmo se abraçando.


(VIII)

Isso também se confirma,
Pois vi que a maioria
Estava usando máscara,
Mesmo sentindo alergia,
Mas também vi cada coisa
Que chega deu agonia.


(IX)

Vi gente andando na feira
Com a máscara na mão,
Outras com ela no queixo
Dando cuspida no chão,
Outras só cobrindo a boca
Sem cobrir o narigão.


(X)

Não me ache ignorante
Meu estimado amiguinho,
Penso que usar a máscara
E não cobrir o focinho,
É o mesmo que cagar
E não limpar o “zezinho”.


(XI)

Usar máscara com a venta
Descoberta a toda hora,
Veja comigo, é o mesmo,
Meu senhor, minha senhora,
Que ir pra praia de sunga
Deixando o “bilau” de fora.


(XII)

Também vi comerciante
No seu local trabalhando,
Com um informe pregado
Ao pessoal informando:
“Use máscara e gel”
E nem ele estava usando.


(XIII)

Numa banquinha de máscara
Parei pra observar,
Muita gente escolhendo
A cor que queria usar.
Quem diria que aquilo
Alguém fosse avistar?


(XIV)

Fiquei olhando meu povo,
Todo mundo mascarado.
Se alguém visse alguém assim
No fim do ano passado
Já pensava: “É um ladrão,
Agora vou ser roubado!”


(XV)

Vi até que a prefeitura
Em prol da população
Botou no meio da praça
Várias pias com sabão
Pra evitar o contágio
E a contaminação.


(XVI)

Vi os heróis da saúde
Num trabalho essencial
Conscientizando o povo
Do urbano e do rural
Botando álcool nas mãos
De todo o pessoal.


(XVII)

Ligeiro fiz minhas compras
E para casa voltei,
Na porta tirei a roupa
Para o banheiro entrei
E com água e sabonete
Todo me ensaboei.


(XVIII)

Todo cuidado é pouco,
Temos que nos proteger.
O que virá pela frente
Só Deus pode nos dizer,
Que ele afaste esse mal
E não nos deixe sofrer.


(XIX)

Por enquanto o mais seguro
É nós ficarmos em casa.
Nós não podemos deixar
O Corona criar asa,
Porque por onde ele passa
Com muitas vidas arrasa.


(XX)

Que essa fase passe logo
Pra gente sair contente,
Abraçando e dando beijo
Em quem achar pela frente
E ir pra feira sem medo
Fazer as compras da gente.

....................................................
Santana do Mundaú-AL

23 de maio de 2020