terça-feira, 21 de abril de 2015

MEU SERTÃO



Com prazer e alegria
Vivo aqui no meu sertão,
Todo dia vou pra roça
Com a enxada na mão,
Plantar milho, macaxeira,
Abóbora e feijão.

Vivo com minha mulher
Numa pequena casinha,
Aqui eu crio ovelha,
Pato, peru e galinha,
Tenho uma vaca bonita
Que se chama Mariquinha.

Tenho aqui quatro filhos:
Benedito, Zé e João,
Tenho ainda uma moça
De uma bela feição,
É Maria o nome dela,
Só beleza e perfeição.

De manhãzinha aqui
Eu gosto de acordar,
Escutando a passarada
E o meu galo cantar,
Meu sertão aqui na terra
Pra mim é o melhor lugar.

Aqui eu tenho um burrão
Para eu andar montado
E também pra carregar
As cargas lá do roçado,
Aqui eu toco viola
E faço verso rimado.

Não troco esse meu sertão
Por uma rica cidade,
Com suas coisas de luxo,
Cheia de modernidade,
Onde não existe paz
E nem a felicidade.

Aqui eu vivo feliz
Em meio à natureza,
Aqui para onde olho
Eu só vejo boniteza
Aqui não existe guerra,
Miséria e nem tristeza.

Eu amo esse meu sertão
E no dia que eu morrer,
Desejo ser enterrado
Nele com muito prazer,
Mas quero bastante vida
Pra nele muito viver.

Cicero Manoel Cordelista / Sítio Ilha grande / Santana do Mundaú – AL / 7 de agosto de 2014



POETA DO INTERIOR































Cresci com satisfação
Andando dentro do mato,
Sou um sujeito pacato
Matuto de pé no chão,
Não troco o meu sertão
Cheio de felicidade,
Por uma grande cidade
Com seu desenvolvimento,
Onde impera o sofrimento,
E a marginalidade.

Na roça eu me criei
Com prazer e alegria,
Nela com a poesia
Desde cedo me casei.
Na roça sempre versei
Agarrado a uma enxada,
Com a mão toda calejada
Cultivando o duro chão
Cantando o meu sertão
Em poesia rimada.

Lá aprendi a narrar
Os causos do interior,
A descrever o amor,
A tristeza e o penar.
Lá aprendi a falar
A simples literatura,
Pra manter viva a cultura
Em uma sociedade
Cheia de bestialidade
Sem amor e sem ternura.

Sou um poeta do mato
Das bandas do interior
Um poeta cantador
Que faz da vida um relato.
Perdoe o meu verso chato
Medido na cantoria,
Pois nunca me atreveria
Escrever verso sem rima,
Como alguns lá de cima
Fazem com a poesia.

Na roça onde fui criado
O meu verso sai ligeiro,
Lá me inspiro no vaqueiro
E no homem do roçado.
No repente improvisado,
Nas histórias de trancoso,
No mundo maravilhoso
Das festas do interior,
Nas rezas do rezador,
Nas prosas do preguiçoso.

Gosto de me expressar
Na arte da poesia
Arte que me contagia
Arte que me faz voar
E que me faz viajar
Seguindo uma linha reta
Em uma nave secreta
Que nunca volte talvez...
Se eu nascesse outra vez,
Nascia pra ser poeta.

Santana do Mundaú – AL / 27 de janeiro de 2016