Eu
sou um pobre caboclo,
Na
roça sempre morei,
Sempre
trabalhei na roça,
Na
roça eu me criei,
Não
sei ler nem escrever,
Contudo
vou lhe dizer,
Ainda
não me casei.
Mas
eu sempre tive muita
Vontade
de me casar,
É
que eu nunca encontrei
Alguém
para namorar,
Na
paixão não tenho sorte
Mas
daqui pra minha morte
Com
a paixão vou brigar.
Um
dia deixei a roça
E
fui até a cidade,
Lá
me sentei numa praça
Cheio
de felicidade,
Depois
eu paralisei,
Em
seguida contarei
O
que houve de verdade.
Seu
moço eu paralisei
Olhando
p’uma menina,
Uma
moça tão bonita,
Uma
garota tão fina,
Seu
olhar tão fascinante,
Me
perdeu como o horizonte
Se
perde entre a neblina.
Era
uma estudante
Tinha
um caderno com ela,
Usava
fones de ouvido
Aquela
moça tão bela,
Com
seu celular na mão,
O
dava mais atenção
Do
que as amigas dela.
Eu
a olhava, mais ela
Não
chegava me olhar,
Pois
ela só tinha olhos
Para
o seu celular,
Não
sei o que tanto olhava,
Sorrindo
ela me encantava
Sem
eu com ela falar.
Aquela
menina foi
A
mais bela que já vi,
Olhando
aquela menina
Confesso
enlouqueci,
Olhando
sua feição
Senti
bastante atração
De
paixão adoeci.
Amor
à primeira vista
Dizem
que não acontece,
Mas
comigo aconteceu,
Porém
quem ama padece
Me
apaixonei de repente
Pela
mocinha decente
Pra
Deus eu fiz até prece.
De
repente aquela moça
Lá
da praça foi embora,
Depois
que ela se foi
Ai
minha nossa senhora...
Deu
vontade de correr
Ir
atrás dela e dizer
O
que eu sentia na hora.
Assim
eu voltei pra roça
Naquela
moça pensando,
Com
a enxada na roça
Lá
eu ficava sonhando,
Em
tê-la um dia a meu lado,
Em
ser seu eterno amado,
Sonhava
até nos casando.
Lá
na roça apaixonado
Pra
mim uma raridade,
Eu
sorria o dia todo
Em
plena felicidade,
Com
a cabeça voando,
A
toda hora pensando
Na
moça lá da cidade.
Dias
depois decidi
Lá
na cidade voltar,
E
eu voltei decidido
A
moça ir procurar,
Olhar
nos olhinhos dela,
E
dizer pra moça bela
Que
chegava lhe amar.
Lá
na praça da cidade
Uma
tarde eu passei,
Mas
aquela moça bela
Por
lá eu não avistei,
Voltei
pra casa sem graça
E
dias depois pra praça
Novamente
eu voltei.
Eu
só fiz chegar na praça,
Na
mesma ocasião,
Avistei
a bela moça
Com
seu celular na mão,
Curtindo
o fone de ouvido,
E
eu por ela perdido
De
tanto sentir paixão.
Aí
eu criei coragem
E
dela me aproximei,
Cheguei
bem perto da moça
E
desse modo falei:
-Boa
tarde moça bela!
Olhei
bem nos olhos dela
E
assim lhe perguntei:
Moça
qual é o seu nome?
Ela
então me olhou,
Tirou
os fones de ouvido
O
seu celular guardou,
E
chegou me responder:
-
Pra que você quer saber?
Aquilo
me abalou.
Aí
eu fiquei nervoso
Mas
eu consegui falar,
Falei:
- Aqui outro dia
Na
praça cheguei sentar,
Avistei
a senhorita,
Uma
moça tão bonita
Que
chegou encantar.
Moro
na zona rural
Lá
é só tranquilidade,
Da
cidade eu não gosto,
Falo
com sinceridade,
Mas
depois que lhe avistei,
Confesso
eu comecei
A
gostar dessa cidade.
Lá
na roça todo dia
Com
a enxada trabalhando,
Olhe
moça eu só trabalho
Na
senhorita pensando,
Eu
nunca me apaixonei,
Também
nunca namorei,
Mas
algo está me domando.
Pra
o que está me domando
Não
existe explicação,
Foi
algo que de repente
Domou
o meu coração,
Eu
posso estar enganado,
Mas
estou sendo domado
Pela
insana paixão.
Essa
paixão que eu sinto
É
algo que me agita,
Eu
estou apaixonado
Por
uma moça bonita,
Uma
moça muito bela,
Você
sabe quem é ela?
Ela
é a senhorita.
Tudo
isso que falei
Aquela
moça escutou,
Quando
acabei de falar
Direitinho
ela me olhou,
Com
um sorriso bacana
Disse:
-Eu sou Mariana!
Meu
peito acelerou.
Então
prosseguiu dizendo
E
nos meus olhos olhando:
-Só
tenho dezesseis anos,
O
Médio estou cursando,
Sério
nunca namorei,
Mas
por aí já andei
Alguns
rapazes beijando.
Não
gosto de interior,
Gosto
mesmo é da cidade,
Hoje
só quero estudar,
Fazer
uma faculdade,
Ser
uma profissional
E
ter uma vida legal
Sem
passar dificuldade.
Quero
que você me entenda
Não
pense que sou ruim,
Amigo
essa paixão
Que
dizes sentir por mim.
Lhe
digo pode mata-la
E
ligeiro enterra-la
No
centro de um jardim.
Você
é um moço pobre,
Um
simples agricultor,
Pra
um homem desse tipo
Nunca
vou dar meu amor,
Sou
sincera vou falar,
Eu
só quero me casar
No
mínimo com um doutor.
As
palavras que você
Para
eu pronunciou,
Nenhum
homem até agora
Elas
para eu falou,
Lhe
agradeço obrigado!
Não
sofra apaixonado
Moço
você se enganou.
Agora
me dê licença
Preciso
cuidar da vida,
Moço
procure uma moça
Lá
da roça e mais vivida,
Moça
daqui meu amor...
Não
quer um agricultor
Pra
ter uma vida sofrida.
Dizendo
isso saiu
Pegou
o seu celular,
Botou
o fone de ouvido
De
lá chegou se mandar,
Me
deu um grande desgosto
E
lágrimas no meu rosto
Ali
chegaram pingar.
Fui
embora pra meu sitio
Com
o coração magoado,
Cheguei
em casa tristonho
Fiquei
num banco sentado,
Confesso
quase endoidei
Lhe
digo eu até pensei
Em
me matar enforcado.
Mas
eu busquei muita força
Em
meu Jesus de bondade,
Levantei
minha cabeça
Voltei
ter felicidade,
E
assim cheguei jurar
Nunca
mais me apaixonar
Por
moça lá da cidade.
Aqui
na roça eu sigo
Trabalhando
o dia inteiro,
Ainda
não me casei
Ainda
estou solteiro,
Pois
eu só vou me casar
Quando
alguém aqui chegar
Pra
cuidar desse roceiro.
E
esse alguém tem que ser
Uma
cabocla prendada,
Que
seja bonita, simples,
Ame
a roça, a passarada,
Que
aprecie o interior,
E
que me der seu amor
Sendo
minha eterna amada.
Cicero
Manoel
Santana
do mundaú-Al
26
de maio de 2013
Gravura: Cicero Manoel