(Autor: Cícero Manoel)
Eu fui criado na roça
Em um bonito sertão,
E perto da minha casa
Lá na minha região,
Morava um certo rapaz
Chamado, Zeca Fofão.
Zeca Fofão era filho
Da velha, Dona Dorinha,
A mente do empestado
Estava quase doidinha
De tanto ele imaginar
O gosto que bosta tinha.
Ele ficava pensando:
“Toda bosta é fedorenta,
Bosta não deve ser bom,
Toda bosta é nojenta,
Tem bosta que fede tanto
Que eu tranco até a venta”.
Zeca Fofão todo dia
Ficava num vai e vem
Se perguntando: “Será
Que bosta faz mal ou bem?
Tem bosta feia e bonita,
Mas que gosto bosta tem?”
Ele dizia: “Tem bosta
Que causa admiração,
Tem cada tipo de bosta
Que espanta até Cão,
Mas tem bosta tão bonita
Que parece até pirão!”
Nessa agonia danada
Ele chegou a ficar,
Sua curiosidade
Ia acabar lhe matar,
Aí, uma decisão,
Um dia chegou tomar.
Certa manhã caladinho
Sem dizer nada a ninguém
Disse ele : “Hoje eu como bosta
Pra saber que gosto tem,
E vou comer é a minha,
Que é linda pra mais de cem!
Minha bosta é de primeira,
Minha bosta tem valor,
É tão linda que a beleza
Espanta até o fedor,
Pois eu vou provar a bicha
Mais tarde no cagador.”
O cagador do danado
Dentro dos matos ficava,
Num tronco de bananeira
Onde ele se apoiava,
Todo dia nesse canto
O miserável cagava.
Um dia pela manhã
Ele comeu um mamão
E uma banda de abóbora
Cozinhada no feijão
Pra cagar amarelinho
Uma bonita porção.
Quando foi no fim da tarde
Ficou ele a esperar,
O mamão fazer efeito
Para ele ir cagar
Quando a vontade apertou
Ele disse: “Eu vou provar!”
Correndo pra sua moita
Zeca Fofão disparou,
Na moita desceu a sunga,
Ligeiro se acocorou,
Impando que só o Cão
Uma tuia ele cagou.
Quando acabou a cagada
Alevantou o calção,
Aí falou: “É agora!
Vamos lá Zeca Fofão!”.
Deu uma olhada na bosta
E nela atolou a mão.
Danou o dedo na bosta
E apanhou um bocado,
Quando ele sentiu o cheiro
Quando ele sentiu o cheiro
Disse: “O fedor tá danado,
Mas eu vou provar a bicha,
Pra saber o resultado!”
Aí com a outra mão
A venta ele trancou,
Para provar sua merda
A boca ele arreganhou
E a dedada de bosta
Na boca ele botou.
Quando ele sentiu o gosto
Naquela ocasião
Na mesma hora ele fez
Uma careta do Cão
E numa grande agonia
Cuspiu a bosta no chão
Lhe deu uma agonia,
Botou para vomitar,
Cuma catinga danada
Chegou então a falar:
“Nunca mais na minha vida,
Bosta, eu quero provar!”
Ainda continuou:
“Ai meu Deus que gosto ruim!
Não pensei que minha bosta
Fosse tão horrível assim,
Ai meu Deus, e se essa bosta
Fizer algum mal a mim?”
Aí todo atrapalhado
Para trás ele vastou,
Nessa hora o desastre
Do infeliz inteirou,
Na sua tuia de bosta
O seu pé ele enfiou.
Sua alpercata na bosta
Ficou toda apregada,
Ele então puxou o pé
Com uma raiva danada
Com uma raiva danada
E disse: “Na minha vida
Foi essa a pior cagada.”
A bosta na alpercata
Lá no chão ele alimpou,
Correu ligeiro pra casa
Com água a boca lavou,
Mas ela por muitos dias
Fedendo a bosta ficou.
Zeca matou desse jeito
Sua curiosidade,
De comer bosta outra vez
Nunca mais sentiu vontade,
Um dia deixou a roça
E danou-se pra cidade.
Zeca hoje odeia bosta,
Dela não quer nem saber,
Hoje quando vai cagar
A bosta ele nem quer ver
Hoje o infeliz só caga
Porque precisa viver.
E se você quer saber
O gosto que bosta tem,
Quando você for cagar
Prove um pouquinho também,
Garanto você não morre,
Bosta não mata ninguém.
FIM
Aaah, que nojo... Como eu vim parar aqui? Droga! Não acredito que li isso. Mas pobre é assim mesmo né, gente da roça!
ResponderExcluirGenial!
ResponderExcluirMaravilhoso! Cultural! Cordel é cultura, cordel é tudo de bom!
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