quarta-feira, 23 de março de 2016

O REDONDO DE ZÉ CARNEIRO



Aqui vou contar um causo
Que faz pena e faz graça.
Zé Carneiro com um relógio
Estava um dia na praça,
Daí chegou um ladrão
“Noiado” como desgraça!

Puxando logo uma arma
Falou assim o ladrão:
— Passa o redondo meu velho,
Perdeu, perdeu, meu irmão!
Zé Carneiro nem pensou
Botou as calças no chão.

Pro ladrão virou a bunda,
A sunga chegou descer,
E fazendo uma careta
Baixinho chegou dizer:
— Eu nunca dei o redondo
Mas é melhor que morrer!

O ladrão naquela hora
Bastante se irritou
Na cabeça do matuto
Com sua arma atirou
Zé Carneiro foi pro chão
E o seu sangue jorrou.

O ladrão disse: — Comigo,
Você não vai brincar mais!
Pegou o lindo relógio
No pulso do bom rapaz,
Falou: — Esse era o redondo!
E partiu com o Satanás.

Socorreram Zé Carneiro,
Que chegou ser operado,
Passou três meses em coma
E escapou o danado,
Ficou com a fala tropa
E meio abestalhado.

Quase foi assassinado,
Por mau interpretação,
Hoje a palavra “redondo”
Lhe causa até depressão,
Relógio nem pode ver
Tem uma raiva do cão.

O ladrão está rondando
Por aí todo faceiro,
Se ele pedir seu redondo
Não faça igual Zé Carneiro
Que em vez de dar o relógio
Queria dar o papeiro.

Cicero Manoel Cordelista / Santana do Mundaú – AL / 17 de março de 2016