Aqui
vou contar um causo
Que
faz pena e faz graça.
Zé
Carneiro com um relógio
Estava
um dia na praça,
Daí
chegou um ladrão
“Noiado”
como desgraça!
Puxando
logo uma arma
Falou
assim o ladrão:
— Passa
o redondo meu velho,
Perdeu,
perdeu, meu irmão!
Zé
Carneiro nem pensou
Botou
as calças no chão.
Pro
ladrão virou a bunda,
A
sunga chegou descer,
E
fazendo uma careta
Baixinho
chegou dizer:
—
Eu nunca dei o redondo
Mas
é melhor que morrer!
O
ladrão naquela hora
Bastante
se irritou
Na
cabeça do matuto
Com
sua arma atirou
Zé
Carneiro foi pro chão
E
o seu sangue jorrou.
O
ladrão disse: — Comigo,
Você
não vai brincar mais!
Pegou
o lindo relógio
No
pulso do bom rapaz,
Falou:
— Esse era o redondo!
E
partiu com o Satanás.
Socorreram
Zé Carneiro,
Que
chegou ser operado,
Passou
três meses em coma
E
escapou o danado,
Ficou
com a fala tropa
E
meio abestalhado.
Quase
foi assassinado,
Por
mau interpretação,
Hoje
a palavra “redondo”
Lhe
causa até depressão,
Relógio
nem pode ver
Tem
uma raiva do cão.
O
ladrão está rondando
Por
aí todo faceiro,
Se
ele pedir seu redondo
Não
faça igual Zé Carneiro
Que
em vez de dar o relógio
Queria
dar o papeiro.
Cicero Manoel Cordelista
/ Santana do Mundaú – AL / 17 de março de 2016