No sítio onde eu me criei
Um dia vi
numa estrada
Um homem
tangendo um burro
Com uma
carga pesada
Quando o
burro parava
Levava
uma tabicada.
Acompanhando
o homem
Ia um pobre
menininho,
Pois era
filho do homem,
Era um
lindo galeguinho,
Não tinha
nem cinco anos
Aquele
tal garotinho.
Correndo
atrás do pai
Ia aquele
cristão,
Com muita
felicidade
Descalço
naquele chão,
Levando com
alegria
Uma
peteca estilingue na mão.
O seu pai
gritava: “Burro,
Anda pra
frente empestado!
Anda Burro
Fio da Peste,
Vai pra frente
desgramado!”
O garoto
ouvindo aquilo
Perguntou
muito animado:
“Ô papai
pro burro andar,
Dou nele
uma petecada?”
O pai mandou
ele dar,
Depois
não disse mais nada,
O garoto
então pegou
Uma
pedrinha na estrada.
A
pedrinha na peteca
O
garotinho botou,
Aí então
a peteca
No burro
ele mirou,
Com sua
grande inocência
A bala
ele disparou.
Com muita
velocidade
A bala se
deslocou,
Era pra
pegar no burro
Mas no pobre
não pegou,
Em vez de
acertar o burro
O pai,
ela acertou.
O pai fez
uma careta
E gritou
na ocasião:
“Eita
balada da peste!
Eita
balada do Cão!
Mandei acertar
no burro
Seu cabeça
de torrão!”
A bala
acertou nas costas
E veja o
resultado:
Gerou um
grande inchaço
Doído e
avermelhado,
O pai
naquela agonia
Fez algo
desesperado.
A peteca
do garoto
Na hora
ele tomou,
Com uma raiva
danado
No bolso
ele guardou
E na cabeça
do Filho
Um cocorote
acertou.
Coitado do
garotinho
Logo começou
chorar,
Mas o pai
ignorante
Mandou
ele se calar
E o garoto
inocente
O choro
chegou parar.
E assim
com o pai seguiu
Naquela
estrada comprida
Passando
a mão na cabeça
Do cocorote
doída
Com sua
ingenuidade
E inocência
da vida.
O seu pai
também seguiu
Naquela estrada
sofrendo,
Olhando a
carga do burro
A toda
hora o tangendo,
E por
causa da balada
Ia com as
costas doendo.
A dor
daquela balada
No burro
ele descontava,
Quando o
coitado do burro
Alguns
segundos parava,
Uma forte
tabicada
O pobre
animal levava.
Cicero Manoel
Santana
do Mundaú-AL
28 de Abril de 2010