(Cícero Manoel)
Eu nasci no ano Mil
Novecentos e Noventa.
Dia vinte de setembro
Numa tarde bem cinzenta
Em Garanhuns – Pernambuco
Uma cidade frienta.
Quinze pras cinco da tarde,
Com o poder de Jesus,
Lá no Hospital Dom Moura,
Usufruindo do SUS,
Num parto cesariano
Minha mãe me deu a luz.
Sou filho de Severina
E também de Severino.
Primos de primeiro grau,
Assim foi o meu destino,
Mãe queria uma menina,
Mas Deus mandou um menino.
Quando o médico deu alta
À minha mãezinha bela,
Pra cidade de Correntes
Eu fui levado com ela
Ali naquela cidade
Residiam os pais dela.
Lá na casa de seus pais
Assim que a gente chegou
Logo minha vó Maria
Na bacia me banhou,
E papa na minha boca
Com o seu dedo botou.
Por Cícero Manoel
De Lima Alves fui chamado.
Ali mesmo em Correntes,
Assim eu fui registrado.
Naquela mesma cidade
Eu também fui batizado.
Meu avô Nezinho Elias
E a minha vó Maria,
Foram padrinhos de vela,
Me levaram para a pia.
E me fizeram cristão
Com prazer e alegria.
Depois de um mês de nascido
Visto por muitas pessoas,
Fui levado de Correntes,
Levando alegrias boas
Para a casa do meu pai
No estado de Alagoas.
Pra cidade de Santana
do Mundaú fui levado.
E lá no Sítio Ilha Grande
Com muito amor fui criado
Num lugarzinho bonito
E por Deus abençoado.
Numa casinha de taipa
Me criei com alegria,
Nas terras do vô Mané,
Homem de muita energia,
Pai do meu pai Severino
E irmão da vó Maria.
Ali eu cresci sonhando
Na nossa pobre casinha.
No terreiro de vovô
Ouvia toda tardinha
As histórias de trancoso
Da minha vovó Zefinha.
Eu contei meu nascimento
Como contaram pra mim.
Se eu nascesse de novo
Queria que fosse assim.
O homem conta o que vive
Só nunca conta seu fim.
Residencial
Jussara – Santana do Mundaú-AL
15 de
agosto de 2020