AUTOR: Cicero Manoel Cordelista
Ha oitenta
e dois anos
Na sua
flagelação,
Às seis
horas da manhã
Na terra
da oração
Falecia em
casa o padre
Mais
famoso do sertão.
“No céu
pedirei a Deus
Por toda
nossa nação.”
Foram as
últimas palavras
Dadas
acenando a mão
E
abençoando a todos
Dentro do
seu casarão.
Quando a
notícia espalhou-se
Muitos
caíram ao chão,
Chorando
desesperados
Em grande
desolação,
O sertão
entristeceu
Chorou até
Lampião.
O Nordeste
botou luto
Da capital
ao sertão
Quando lá
no Juazeiro
Num dia de
comoção
Partiu
para outra vida
O Padre
Cicero Romão.
Quarenta
mil pessoas foram
A beira do
seu caixão,
Dar o
último adeus
Com pesar
no coração
Com as
lágrimas caindo
Padecendo
de emoção.
Seu caixão
foi conduzido
Pela
grande multidão,
À capela
do socorro
Em choro e
oração,
Contam que
um pombo branco
Chegou
pousar no caixão.
Lá foi
enterrado o padre
Patriarca do sertão,
Foi servo
de Deus na terra
Padeceu
humilhação,
Obedecendo
a Igreja
E a sua
religião.
Foi um
homem de poder
Lá em sua
região,
Foi pastor
dos sertanejos
Com seu
cajado na mão
Pregou a
paz do senhor
Na força
da oração.
Homem de
conhecimento
E de uma
grande visão,
Cercado de
misticismo,
Fatos sem
explicação,
Que lhe
trouxe aperreios
E muita
complicação.
“Meu Padim
Ciço é santo”
Diz o
homem em procissão,
Sua imagem
é colocada
Em toda
repartição
Seu nome é
pronunciado
Com prazer
no coração.
A igreja
que o baniu
Já lhe deu
até o perdão,
E já está
preparando
A
beatificação,
Mas para o
povo ele é santo
Sem a
canonização.
O Juazeiro
do Norte
Um
misterioso chão,
É símbolo
de romaria
E de
peregrinação
Em nome do
Padre Cícero
O “Santo”
de devoção.
Todo dia
em Juazeiro
Chega com
satisfação
Romeiro de
todo canto
Da capital
ao sertão
Para visitar
a terra
Do Padre
Cícero Romão.
Nesse dia
enlutado
Com fé e
com devoção,
Os devotos
do Padrinho
Com o
rosário na mão
Vão à
missa e cantam cantos
Pedindo
sua intercessão.
(Santana do Mundaú – AL / 20 de julho de 2016)