quinta-feira, 13 de outubro de 2016

DESPEDIDA DE AMOR























 




(Cicero Manoel)

Estou como um Beija-flor
Sem flores para beijar,
Estou perdido num mar
Sombrio e avassalador.
Parece que toda dor
Que existe de mundo afora
Alojou-se em mim na hora
Que ela me abraçou
A minha boca beijou
Disse adeus e foi embora.

Estou como uma viola
Sem as mãos do violeiro,
Como ave em cativeiro
Triste dentro da gaiola.
Como um jogador sem bola,
Como uma igreja sem sino.
Estou mesmo sem destino,
Pois quando ela me deixou
Meu coração se rasgou,
Fiquei frágil igual menino.

Ali da minha janela
Eu a vi então partir
E de mim se despedir
Acenando da cancela.
De longe olhando pra ela
Eu abracei a tristeza
O que era só beleza
Virou feiura e tormento
Vendo naquele momento
Partir a minha princesa.

Naquela hora fiquei
Sem terra para pisar,
Deu vontade de chorar
O choro não controlei.
Nas lágrimas mergulhei
Vendo um abismo na frente,
Até hoje estou doente
Pois nada cura a dor
De ver o seu grande amor
Partir pra longe da gente.

Aqui fico relembrando
Com pensamentos distantes
Os beijos alucinantes,
Que demos se enlaçando.
Da minha janela olhando
A estrada que a levou
Me olho e vejo que estou
Banhado pela saudade
A minha felicidade
Seus passos acompanhou.

Meus dias são de tristeza
Depois que ela disse adeus.
Procuro nos dias meus
Seus olhos na natureza.
O verdor e a clareza
Preenchem a minha mente
Fecho os olhos de repente
Sonho com ela chegando
Me abraçando e beijando
Minha boca novamente.

Santana do Mundaú – AL / 13 de outubro de 2016


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O GALÃ A MUSA E O EMPRESÁRIO





























Nessa eleição pra prefeito
De dois mil e dezesseis,
Moravam lá na Juçara
Na quadra quarenta e três
Irandi, a velha mãe,
E o esposo Juarez.

Não discutiam política
Odiavam opinar,
Os dois estavam indecisos
Sem saber em quem votar,
Até que os candidatos
Foram lá lhes visitar.

Numa bonita manhã
Quando o sol apareceu,
Artur Freitas sorridente
Palmas na porta bateu,
Irandi estava só
E em casa o recebeu.

O candidato lhe deu
Um abraço carinhoso,
Que deixou na roupa dela
O seu perfume cheiroso
A mulher foi a loucura
No momento precioso.

Artur pediu o seu voto
Despediu-se e foi embora.
A mulher foi pra cozinha
E disse: Nossa Senhora
Por pouco não tive um treco
Quase me acabo agora!

Na manhã do outro dia
Quando o sol apareceu
Kelly Correia elegante
Palmas na porta bateu
Juarez estava só
E em casa a recebeu.

A candidata lhe deu
Um abraço carinhoso,
Que deixou na roupa dele
O seu perfume cheiroso
Juarez foi a loucura
No momento precioso.

Kelly pediu o seu voto
Despediu-se e foi embora.
Juarez foi pra cozinha
E disse: Nossa Senhora!
Por pouco não tive um treco
Quase me acabo agora!

Na manhã do outro dia
Quando o sol apareceu
Antônio Carlos, alegre
Palmas na porta bateu
A velha estava só
E em casa o recebeu.

O candidato lhe deu
Um abraço carinhoso,
Que deixou na roupa dela
O seu perfume cheiroso,
A velha foi a loucura
No momento precioso.

Antônio Carlos pediu
O seu voto e foi embora.
A velha foi pra cozinha
E disse: Nossa Senhora!
Por pouco não tive um treco
Quase me acabo agora!

À noite Irandi pensava
Numa cadeira sentada:
“O abraço de Artur
Deixou-me atordoada,
A barba dele bem feita
Deixou-me arrepiada.

Aquelas mãos me apertando,
Aquele lindo sorriso,
É o homem mais bonito
De todo meu paraíso,
O meu prefeito é Artur,
É 15 no meu juízo!".

Juarez também pensava
Na janela debruçado:
“Aquele abraço de Kelly
Deixou-me atordoado,
O seu cabelo lisinho
Deixou-me apaixonado.

Aquelas mãos me apertando,
Aquele lindo sorriso,
É a mulher mais bonita
De todo meu paraíso,
Kelly é minha prefeita,
44 no juízo!”

A velha também pensava
Na sua cama deitada:
“O abraço de Seu Antônio
Deixou-me atordoada,
Aquelas mãos me afagando
Me deixaram arrepiada.

Aquele corpão bem alto,
Aquele lindo sorriso,
É o homem mais bonito
De todo meu paraíso,
Seu Antônio é meu prefeito,
É 12 no meu juízo!"

Daquele dia pra frente
Ficou tudo decidido.
O forte abraço da musa
Enfeitiçou o marido
Que passou diariamente
A seguir o seu partido.

Assim como a mulher:
Depois que o galã passou
Lhe deu um forte abraço
E a barba nela roçou
Deixou-a enfeitiçada
E o voto dela ganhou.

Como também com a velha
Naquela ocasião
Que o empresário lhe deu
Um grandioso abração
Na hora ganhou seu voto
E também seu coração.

Hoje à tarde eles três
Tiveram uma discussão
Pegaram uma grande briga
Por causa da eleição
Findaram apartando os cacos
Numa zoada do Cão.

Só temos uma certeza
Quando a novela acabar
O empresário, a musa,
E o galã vão se ausentar,
E quem briga por abraço
Sem abraço vai ficar.

Quando a eleição passar
Pode acontecer talvez,
De Irandi fazer as pazes
Com o marido Juarez
E se juntarem com a velha
Na mesma casa outra vez.

AUTOR: CICERO MANOEL CORDELISTA

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ELEITOR ARREPENDIDO

















(Cícero Manoel)
_____________


Eu moro em Alagoas
Num interior grosseiro,
Numa casinha de taipa
Com um pequeno terreiro,
Sou um pobre agricultor
Na roça esse sofredor
Trabalha o dia inteiro.

Na minha casa outro dia
Num tempo de eleição,
No terreiro lá de casa
Desceu de um belo carrão,
Um candidato a prefeito
Junto com outro sujeito
Numa alegria do Cão.

Num banco eu tava sentado
Na hora que eles chegaram.
Do alpendre da tapera
Eles se aproximaram,
E naquela ocasião
Pegando na minha mão
Logo me cumprimentaram.

Pedi que eles entrassem,
No banco um se sentou,
E o candidato na hora
Ficou em pé e falou:
- Sou candidato a prefeito,
Quero muito ser eleito
Por isso aqui estou!

A minha esposa na porta
Chegou então nessa hora,
Ele pegou na mão dela
Ele me disse sem demora:
- Amigo trabalhador,
Quero o voto do senhor
E o da sua senhora.

Aí eu disse : - Tá certo,
Vou ver se posso ajudar...
Ele pôs a mão no bolso
E logo chegou tirar,
Cem reais com sua foto
E disse: - Eu quero seu voto,
Vote que vou lhe ajudar!

Não tive outra, peguei,
O dinheiro sorridente.
Ele apertou nossas mãos
E se despediu da gente,
Foram embora, eu fiquei,
E o dinheiro guardei
Na carteira bem contente.

Eu e a minha mulher
Votamos no tal sujeito,
Nas urnas lá da cidade
Ele ganhou pra prefeito.
Meses depois se passou
E uma dor me pegou
Quase me mata de jeito.

Peguei a fila do SUS
E cheguei me consultar,
Mas um remédio bem caro
O doutor mandou comprar,
Na rua da amargura
Falei: - Vou na prefeitura
Pro prefeito me ajudar!

Cheguei lá falei com ele
E levei uma facada.
Ele disse: - Meu senhor
Eu não posso fazer nada!
Aí então lhe falei:
- Mas no senhor eu votei
Ajude esse camarada!

Me ajudar naquela hora
Disse ele que não podia,
Disse: - Nós estamos quites
Volte aqui outro dia...
Quando em mim você votou
Na hora você pagou
Os Cem que já me devia!

Criei vergonha na cara
Pelo que cheguei passar,
Hoje se um candidato
Vier meu voto comprar,
Boto nele o Satanás,
Pois na vida nunca mais
Por dinheiro vou votar.


Sítio Ilha Grande, Santana do Mundaú-AL
18 de julho de 2013