sábado, 14 de fevereiro de 2015

NOSSO AMOR E NOSSO PADECER

















Conheci uma bela dama
Numa tarde de verão,
Apaixonei-me por ela,
Fiquei louco de paixão,
Declarei-me para ela
E lhe dei meu coração.

Ela aceitou meu amor
E depois que me beijava,
Dizia olhando pra mim
Que também muito me amava,
Eu a abraçava forte
E forte ela me abraçava.

Ela morava sozinha
Em uma casa luzente,
Lá dormi noites com ela
Vivendo o amor da gente,
Juro, eu passava o dia,
Com ela em minha mente.

Namoramos quase um ano
E eu falei em casar,
Ela me disse: “Amor,
Quero um tempo pra pensar,
Mas lhe garanto meu sonho
É isso realizar.”

Certa tarde me arrumei
E fui para casa dela,
Cheguei lá bati na porta
Ela me olhou da janela,
Estava bastante linda
Tremi olhando pra ela.

Ligeiro ela abriu a porta
E me pediu para entrar,
Eu fui beijá-la na boca,
Ela não quis me beijar,
Perguntei-lhe: - O que houve?
Disse ela: - Vou lhe contar.

Sentei-me e ela disse:
- Não posso ser sua amada,
Meu amor não sou solteira,
Há anos eu sou casada,
Meu está chegando
Na próxima madrugada.

Está fazendo dois anos
Que ele aqui me deixou,
Foi trabalhar em São Paulo
Até hoje não voltou,
Mas agora está chegando
Numa carta me avisou.

Ela ainda falou:
- Meu amor é verdadeiro,
Eu amo você de mais,
Você é meu grande amado,
Estou te dizendo isto
Com o peito magoado.

Olhando essas palavras
O meu olhar desviei,
Fui em direção à porta,
A sua casa deixei,
Correndo ela me agarrou
Magoado a empurrei.

Chorando ela ficou,
Chorando também parti,
Entrei no primeiro bar
Que na minha frente vi,
Para curar minhas mágoas
O dia todo bebi.

Durante um longo mês
Sofrendo muito fiquei,
Mas ergui minha cabeça
E esquecê-la até tentei,
Durante aquele mês
Ela eu não avistei.

Certa manhã seu marido
A encontrou na cozinha,
Encostada na parede
Chorando triste, sozinha,
Dizendo que me amava
E que queria ser minha.

O infeliz vendo a cena
Virou-se no satanás,
Deduziu que havia sido
Traído ha meses atrás,
Perguntou-lhe e ela disse
Que não o amava mais.

Disse-lhe que me amava
E que me tinha paixão,
Também naquele momento
Pediu a separação,
Mas ele não falou nada
Naquela ocasião.

Foi em direção ao quarto
A sua arma pegou,
Voltou para a cozinha
Várias vezes disparou
E a vida de coitada
Naquela hora tirou.

Depois que ele a matou
Para longe foi embora,
Encontraram o seu corpo
Em menos de uma hora,
A notícia se espalhou
E correu de mundo a fora.

No outro dia na rua
Passando em um terminal,
Reconheci sua foto
Na capa de um jornal,
Peguei o jornal no chão
Li um pouco e passei mal.

Vim saber pelo jornal
Que ela tinha morrido,
Já rezei pra sua alma
Chorei muito, estou ferido,
Sem forças para viver
Totalmente constrangido.

Pensei me matar também
Mas pensei melhor viver,
Quem nasce e tem sua vida
Um dia tem que sofrer,
A vida dá muitas voltas
Amanhã posso vencer.

Jamais eu vou esquecê-la
Suas lembranças guardei,
Talvez um dia no céu
Ela eu encontrarei,
Jamais eu amarei outra
Do tanto que eu a amei.

Cicero Manoel Cordelista / Sítio Ilha Grande / Santana do Mundaú – AL / 14 de Fevereiro de 2015

Imagem: http://www.google.com.br/






























quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O CAUSO DA PORCA




(Cícero Manoel)

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Vovô meu querido velho
Por quem eu tenho amor
É bastante conhecido
Por Seu Mané Curador,
Casado com vovó Zefa,
Uma velha de valor.

Vovô um dia comprou
Uma porca pra criar,
Era uma porca bonita
Logo chegou engordar,
Quatro arrobas de carne
Logo ela chegou pegar.

Vovô criava essa porca
Presa dentro de um chiqueiro,
Mas um dia ela fugiu
E andou o dia inteiro,
Quando foi de tardezinha
Ela chegou no terreiro.

Vovô quando viu a porca
Foi tanger a desgraçada,
Vovó Zefa estava em pé
No alpendre encostada,
Quando ele tangeu a porca
Ela partiu disparada.

Na direção de vovó
Aquela porca correu,
Minha vó tentou fugir
Mas veja o que aconteceu:
Uma trombada na velha
A maldita porca deu.

Na hora a velha voou
E caiu no meio do terreiro,
Era um mês de agosto
Estava um grande lameiro,
A velha caiu na lama
E ficou em desespero.

Na hora a porca sumiu-se
Foi pra bem longe a danada,
Vovó caída na lama
Gemia toda quebrada,
Vovô no mesmo momento
Foi ajudar a coitada.

Vovó faturou o pé
E passou a noite mal,
Mas a velha melhorou
E depois ficou legal,
A porca depois foi morta
Pra uma ceia de Natal.


Sítio Ilha Grande
Santana do Mundaú – AL
22 de junho de 2010.






segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

MINHA VIDA MELHOROU DEPOIS QUE FIQUEI SEM ELA


         (Cícero Manoel)

Quando eu estava amigado
Era uma grande agonia,
De casa eu não saía
Vivia ameaçado,
Passava o dia entocado
Brigando com a mazela,
Mas pra Deus acendi vela
Quando ela me deixou.
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

A triste era ciumenta
E não deixava eu sair,
Dizia: “Vai me trair”
E por gostar da febrenta
Ficava com a nojenta
Só assistindo novela,
Mas numa manhã singela
A mala ela arrumou.
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

Tudo que ela queria
Pra ela eu chegava dar,
Mas não chegava prestar
“Cabra ruim!” ela dizia.
Eu esquentava água fria
E na banheira amarela,
Dava até banho nela,
E o banho nunca prestou.
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

A triste não me beijava
E não me tinha amor,
Eu lhe tratava igual flor
E ela só me xingava,
Comigo não se deitava,
Nunca vi uma daquela,
Eu era gamado nela
Mas ela só me abusou.
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

Eu quis ir pra uma festa
E ela disse: "Vai não!"
Aí, pegou um facão
E arranhou minha testa.
Eu fiquei com a molesta,
Parti para cima dela,
Do batente da janela
Do mato ela me jogou,
Minha vida melhorou
Depois que eu fiquei sem ela.

Tinha dia que eu comia
Somente se eu cozinhasse,
Se acaso eu reclamasse
Cum pau ela me batia.
Eu gritei com ela um dia
Ela pegou a chinela,
Bateu na minha canela
E os meus quibas chutou.
Minha vida melhorou
Depois que eu fiquei sem ela.

De manhã lá no oitão
Eu jogava seu penico,
Rastava a bosta de Chico
Seu gato de estimação,
Cozinhava o feijão
E lavava a panela,
Lavei as calcinhas dela
Depois que ela me forçou
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

No dia de São João
Ganhei minha liberdade
Disse ela: “Vou na cidade”
Foi e ficou com Zezão,
Fiz um enorme festão
Com essa notícia bela,
No cabaré de Estela
Curtindo a vida hoje estou.
Minha vida melhorou
Depois que fiquei sem ela.

(Sítio Ilha Grande / Santana do Mundaú – AL7 de fevereiro de 2015)