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Em uma humilde casinha,
Uma pobre taperinha,
Perto de um riachão,
Cresci com satisfação
Indo com pai pro roçado,
Aboiando no cercado
Olhando o gado pastar,
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E
CRIADO.
Na nossa antiga choça
Comida nunca faltou,
Pois o meu pai me criou
Com a fartura da roça,
Ele com sua mão grossa
Quando via o chão molhado
Botava a enxada de lado
E a roça ia plantar,
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Um cachorro perdigueiro
Eu tinha na companhia
Que estava todo dia
Comigo lá no terreiro
Era um grande companheiro
Um amigo arretado
Só andava do meu lado
E adorava caçar
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Quando amanhecia o dia
Minha mãe se levantava
E o café preparava
Com bastante alegria,
Da minha rede eu saía
Ouvia o rádio ligado
Tocando forró, xaxado,
Toada pra despertar,
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Quando o mês de Maio chegava
Era somente alegria
Pra Santa Virgem Maria
O mês a gente rezava
Quando Maio terminava
O São João vinha emendado,
Fogueira pra todo lado,
Milho pra gente assar,
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO
Quando tinha uma novena
Eu ia cheio de brasa
E lá por detrás de casa
Eu beijava uma morena,
Jovens que só a serena,
Eu com ela agarrado,
Beijava ela adoidado
Grudava pra não soltar,
EU SEI CANTAR O LUGAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Era só felicidade
Na casa de Seu Zé Preto
Eu ia escutar Folheto
Trazido lá da cidade
Não tinha eletricidade
Cum candeeiro de lado
Ele lia animado
Fazia a gente sonhar
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
De madrugada cantava
O galo lá no poleiro
De manhã lá no terreiro
Um pobre pinto piava
Lá passarinho voava
E cantava animado
Em meu cavalo selado
Eu adorava montar
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Eu adorava ir forró
Para dançar com a moçada
Até alta madrugada
Fazendo subir o pó
Fui matuto “arigó”,
Agricultor esforçado,
Meu interior amado
Pra sempre vou te amar
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
Saudade muita eu tenho
Do lugar que me criei
Das grotas que eu passei
Das cachaças de engenho
Nesse poema eu venho
Mostrar meu reino encantado
O meu solo tão sagrado
No qual eu amo pisar
EU SEI CANTAR O LUGAR
QUE FUI NASCIDO E CRIADO.
CICERO MANOEL
SANTANA DO MUNDAÚ – AL
28 DE ABRIL DE 2014
