domingo, 5 de julho de 2015

EU EM MEU SERTÃO




























Caboclo, o meu sertão
É minha eterna morada,
Nele trabalho de enxada
Com muita satisfação,
No meu ranchinho então,
Numa noite de luar,
Sinto prazer em tocar
Viola pra minha flor,
Fazendo versos de amor
Até um beijo ganhar.

Sou um caboclo da roça
Nela sempre trabalhei,
Com meus pais eu me criei,
Numa singela palhoça,
Na nossa humilde choça
Sempre fui feliz de mais
E sou como os meus pais
Não me dou com a cidade,
Onde impera a maldade,
Roubando a nossa paz.

É lindo ver no sertão
Uma forte trovoada
Do trovão fazer zoada
De estremecer o chão,
Dançar em um forrozão
De levantar a poeira,
Ver terço da rezadeira,
Cantoria de repente,
Coisas que vivem na gente
Sertaneja de primeira.

Nada melhor do que estar
Em uma tarde chuvosa
Fria e muito gostosa
Num fogo a se esquentar,
Tendo milho para assar
Lá nas brasas do fogão
E numa tarde de verão
Aboiar chamando o gado
Galopando no cercado
Versando sobre o sertão.

O meu sertão tem lugares
Dos mais belos que já vi,
Nos seus encantos caí,
Viajei em seus andares,
Voei até em seus ares,
O meu sertão tudo tem,
É a terra do além
Amo esse taco de chão.
Eu não troco meu sertão
Por cidade de ninguém.

Aqui paro e fico ouvindo
Os passarinhos cantando,
Flores vão desabrochando,
Árvores vão se bulindo,
Meu cachorro sai latindo,
Berra a vaca no cercado,
Canta meu galo rajado,
A Acauã, a Perdiz,
Com Deus sou muito feliz
Neste chão abençoado.

Cicero Manoel de Lima Alves / Sítio Ilha Grande / Santana do Mundaú – AL / 5 de julho de 2015

(Xilogravura: Cicero Manoel)


Nenhum comentário:

Postar um comentário