sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ELEIÇÃO NA TERRA DO MAIS

Na Sexta - feira passada
Vi um matuto falar:
“Amanhã eu vou pra feira
Um roupa vou comprar,
Pra domingo na eleição
E pra cidade votar.”

Outro perguntou a ele:
“E tu vai votar em quem?”
Disse ele: “No fazendeiro,
E tu não vota em ninguém?”
Disse o outro: “Eu vou votar
Naquele que me deu Cem!

Eu ia votar no teu
Mas sou sabido rapaz,
O teu só me deu Oitenta,
Vou votar no que deu mais,
Lá no outro fazendeiro
Que me mandou cem reais!”

No Sábado o que se via
Era uma barbaridade,
Os salões estavam cheios
Das mulheres da cidade,
Alisando os cabelos
Dando um grau de qualidade.

Uma pro cabelereiro
Dizia em ocasião:
“Capriche no penteado
Alise meu cabelão,
Quero ficar bem bonita
Amanhã na eleição.

No domingo de eleição
Quando amanheceu o dia,
Os matutos acordaram,
E cheios de alegria,
Vestiram as melhores roupas
Com pressa e com agonia.

Subiram nos caminhões
E foram para cidade
Enfrentar imensas filas
Cheios de ansiedade
Pra darem poder aos homens
De sua sociedade.

As damas lá da cidade
Com os cabelos alisados,
Estavam com seus esposos
E os filhos rodeados,
E os carros de eleitores
Chegando superlotados.

Assim num canto um homem
Chegava então a perguntar:
Compadre tô meio assim...
Acho que eu vou errar,
Me ensine mais uma vez
Como se deve votar!

O compadre lhe ensinou
E ele se foi ligeiro,
Votar no seu candidato
Que disse ser verdadeiro,
Que tem gado muita terra
E é o maior fazendeiro.

Numa esquina outro pergunta
Pra amigo cheio de graça:
Fez o que o a Oncinha
Que te deram ontem na praça?
Disse o cabra: “Já bebi
Quase todo de cachaça!”

E assim passou-se a festa
Da grande democracia,
Quem foi as urnas exerceu
A sua cidadania,
Votando no candidato
Que achava que merecia.

E a noite quando saiu
O triste do resultado,
Quem ganhou ficou alegre,
Quem perdeu ficou magoado,
Dizendo: “Perdi meu voto
Dei mais um voto errado!”

E aqueles que votaram
No fazendeiro eleito
Diziam: “Ganhei meu voto
Porque ele é direito
E vai trabalhar por nós
Ele é amigo do peito!”

E assim o fazendeiro
Cheio de satisfação,
Foi eleito outra vez
Lá naquela região
Para fazer os matutos
Comerem na sua mão.

Pois quem não soube escolher
Ou acabou se vendendo
Durante mais quatro anos
Vai continuar sofrendo
E a comida ruim
Vai continuar comendo.

Esses pobres infelizes
Que não souberam votar,
De agora em diante
Nada podem reclamar
Porque tiveram o poder
E atiraram ele no mar.

(Cicero Manoel Cordelista / Santana do Mundaú – AL / 6 de Outubro de 2014)

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