quinta-feira, 23 de outubro de 2014

DEMOREI DE MAIS NA FARMÁCIA DO SUS


A minha querida mãe,
Senhora boa e decente,
Certo dia começou
A sofrer de dor dente,
Era uma dor tão do Cão
Que em certa ocasião
Doía até na gente.

A Agente de Saúde
Soube da situação,
E marcou-lhe uma ficha
Pra com seis dias então
Ir ao dentista passar
Pra quem sabe arrancar
O seu dente num puxão.

Quando o dia chegou
Pro dentista fui com ela,
Esperamos duas horas
Perto de uma janela
Depois minha mãe chamaram
E lá dentro arrancaram
O dente da boca dela.

Assim que o dente dela
O dentista arrancou
Me chamou num reservado
E logo me ordenou
A um remédio ir buscar
Só para desinflamar
O local que ponteou.

Saí doido na carreira
Buscar Amoxilina,
Lá na farmácia do SUS
Que ficava na esquina,
Mas quando perto cheguei
Uma fila avistei
Que nos olhos deu neblina.

Vi mais de trinta pessoas
Na fila de prontidão
Pra pegar medicamento
Pra Diabete, Hipertensão,
Tosse, Febre, Sinusite,
Diarreia, Ameba, Gastrite,
Sistosama e Depressão.

Aí na fila entrei
E fiquei a esperar
Me deu fome e a barriga
Logo começou roncar,
Nunca vi tanta demora
Passei mais de uma hora
Para minha vez chegar.

Quando a minha vez chegou
Agradeci a Jesus
Logo entreguei a receita
Também o Cartão do SUS
O despachante pegou
E pra minha cara olhou
Com os olhos igual um cuscuz.

E perguntou sobre Mãe,
Primeiro sobre a sua cidade,
Nome do pai e da mãe
Que só reta a saudade,
Se era casada ou solteira
E ainda por brincadeira
Me perguntou a idade.

Eu tudo lhe respondi
Naquele grande tormento,
Disse ele: “Ela negra ou branca?”
Aí naquele momento,
E falei todo raivoso:
“Deixe de ser curioso
Me entregue o medicamento!”

Disse o cabra: “Já entrego
Eu preciso perguntar,
Porque aqui um cadastro
Eu preciso formular
Para mandar para Brasília
De todo ente da família
Que vem remédio pegar!”

Aí me deu o remédio
E eu saí apressado,
A fila tava maior
De quando eu tinha chegado,
Atravessei uma pista
E cheguei lá no dentista
Onde Mãe tinha ficado.

Entrei procurei a pobre
E veja o ocorrido:
Já tinha tirados os pontos
Comido milho cozido
E no local do velho dente
Outro dente mais potente
Já tinha até nascido.

Não é mentira é verdade
Realmente aconteceu
Enquanto eu fui na farmácia
O fato se sucedeu,
Fui o remédio buscar
Demorei tanto voltar
Que um novo dente nasceu.

O remédio que eu peguei
Digo não serviu pra nada,
Porque quando eu voltei
Mãe já tava era curada,
Pra isso ter se passado,
Foi um milagre mandado
Lá da sagrada morada.

Confesso para você
Não cheguei acreditar,
Mas pode crer é verdade
Minha mãe pode provar,
Hoje só peço a Jesus
Pra da farmácia do SUS
Eu nunca mais precisar.

CICERO MANOEL / SANTANA DO MUNDAÚ – AL / 2 DE OUTUBRO DE 2014























Nenhum comentário:

Postar um comentário