Amigo nunca fui ruim
Eu me chamo Juvenal,
Na minha adolescência
Fui um sujeito legal,
Só que eu era preguiçoso
E nunca ganhei um real.
Hoje meus sessenta anos
Eu já cheguei completar
Nessa vida muitas vezes
Cheguei me aventurar
E aqui vou contar uma
Pela qual cheguei passar.
Nas bandas de Mundaú
Ia haver um festão
Mas deixa que eu estava liso
Mas liso igual sabão
Mas eu queria ir à festa
Para ver a diversão.
Foi aí que tive uma
Ideia de maloqueiro
Pensei roubar uma coisa
Para arrumar dinheiro
Fiquei pensando um pouquinho
Depois eu saí ligeiro.
Pra casa de Dona Chica
Eu fui na ocasião
No aceiro do terreiro
Eu fiquei de prontidão
Aí vi lá no terreiro
Passar um peru gordão.
Aproximei-me do bicho
Um grande bote eu dei
Peguei na canela dele
Com ele me agarrei
E do terreiro da velha
Correndo me ausentei.
Roubei aquele peru
Saí com ele agarrado
Amarrei os pés do bicho
E andei muito apressado
Aí pensei: “onde é
Que vou vender o danado?”
Passei as terras de Zezo
E a Fazenda Jaú,
Com uma hora cheguei
Na feira de Mundaú
Me sentei numa calçada
E ofertei o Peru.
Passei mais de duas horas
Naquele grande calor
Ofertando o peru
Pra senhora e pra senhor
Mas durante as duas horas
Não me chegou comprador.
E com o peru de lado
Eu estava doido a gritar:
Quem quer comprar um peru
Queira se aproximar!
Ele tá gordo e bonito
Dez quilos chegar a pesar!
Um tempo chegou passar
Um homem apareceu
Eu falei: venha amigo
Venha ver o peru meu
É só sessenta reais
Por cinquenta ele é seu!
O homem chegou pra perto
E então me perguntou:
- Meu amigo esse peru
Onde você o comprou?
Respondi: - esse peru
Foi minha mãe quem criou!
Nesse momento o homem
Inchou como um cururu
E deu um grito danado
Na feira de Mundaú
Gritou :- mãe venha aqui
Olha se esse é seu peru!
Amigo naquela hora
Eu cheguei amarelar
Pensei em fazer carreira
Mas cheguei paralisar
A mãe do homem chegou
E o peru veio olhar.
Nessa hora eu rezei
Mas Jesus não me ouviu
Fiquei tremendo quietinho
Na hora não dei um piu
Disse a velha: Meu peru
Lá de casa se sumiu!
Disse ainda: meu peru
É igual a esse seu
No coro de meu peru
Tá gravado o nome meu
Gravei cum espeto quente
Quando o danado cresceu.
Nesse momento a velha
Com o peru se agarrou,
Debaixo da asa dele
A velhinha despenou,
Tinha um nome gravado
E ela pra mim falou:
- Esse peru é o meu!
Lá de casa foi roubado,
Rapaz você é ladrão,
Cabra você tá lascado!
Aí o filho da velha
Me olhou muito enraivado.
Então eu olhei de lado
E tentei fazer carreira,
Na hora o filho da velha
E me deu uma rasteira,
Me estendi no meio da rua
Chega subiu a poeira.
A velha pegou o peru
E gritou: Pega ladrão!
Nessa hora levei soco
Pontapé e muxicão
Amigo eu apanhei tanto
Que desmaiei lá no chão.
Aquele filho da velha
Naquela ocasião
Me deu um murro tão grande
Em cima do meu pulmão
Que eu fiquei sem respirar
Desmaiado lá no chão.
A velha naquela hora
Tirou o sapato seu
Chegou na minha cabeça
Com o sapato bateu
E se não bastasse isso
Um croque ainda me deu.
A polícia foi chamada
O meu roubo foi contado,
Um soldado me pegou,
Pra cadeia fui levado
E quando eu cheguei lá
O cacete foi dobrado.
Passei duas noites preso
Por ter feito coisa feia,
Em vez de eu ir pra festa
Fui parar lá na cadeia
Mas serviu, pois nunca mais
Fui pegar em coisa alheia.
Cicero Manoel
Santana do Mundaú - AL
15 de Março de 2014
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