sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A lenda da Toca da Negra

Em Santana do Mundaú
Tem um sítio arretado,
De sítio toca da Negra
Esse sítio é chamado,
E o porquê desse nome
Vou deixar bem explicado.

Neste sítio um riacho
Portanto chega passar,
Que vem lá da Ilha Grande
Aonde eu chego morar,
Lá no Rio mundaú
Ele chega desaguar.

Pois esse certo riacho
O qual estou descrevendo,
No Sitio Toca da Negra
Numa montanha descendo
Em uma enorme pedra
Ele passa escorrendo.

Nesse grande pedregulho
A água desce rasteira,
Lá no final dessa pedra
Forma uma cachoeira,
Todo mundo pode ver
Só não ver quem tem cegueira.

Pois nessa pedra portanto
Tem uma toca danada,
Eu nunca fui lá olhar,
Mas já ouvi camarada,
Dizer que aquela toca
É meio mal-assombrada.

O povo da Ilha Grande
Conta lá na região,
Que existia uma Negra
De uma bonita feição,
Uma negra bem formosa
Do corpo de violão.

O nome dela aqui
Não vou poder revelar,
Essa história já ouvi
Bastante gente contar,
Só que o nome da Negra
Nunca ouvi ninguém falar.  

A Negra era uma moça
De uns 16 de idade,
A moça negra mostrava
Bastante ingenuidade,
E quem a via sentia
O cheiro da virgindade.

O povo conta também
Que essa negra solteira,
Era bonita de mais,
Era bastante faceira,
E todas as tardes ia
Tomar banho na cachoeira.

Pois toda tarde a Negra
De sua casa saía,
Lá pr’aquela cachoeira
A bonita negra ia,
Se banhar naquelas águas
Toda cheia de alegria.

Sempre ela ia sozinha
E lá mantinha cuidado,
Para não cair na toca
Num buraco tão danado
Que quem caísse lá dentro
Já estava sepultado.

Pois veja o que aconteceu
Um certo dia então:
A Negra saiu de casa
Cheia de satisfação,
E foi lá pra cachoeira
Banhar seu belo corpão.

Lá naquela grande pedra
Quando a negra chegou,
Da boca daquela toca
Ela se aproximou,
A pedra estava lisa
E ela escorregou.

A Negra então caiu
E veja o que sucedeu,
A Negra caiu na toca
Nela desapareceu,
Foi o fim daquela Negra
Contam que ela morreu.

Na beira daquela toca
Ninguém nunca mias chegou,
O corpo da linda Negra
Para sempre lá ficou,
Acabou-se a linda negra
Que tanto lá se banhou

Mas deixa que aquela toca
Lá ficou mal-assombrada,
Perto lá da cachoeira
Quem passa hoje na estrada,
Escuta a Negra gritando
Fazendo muita zoada.

Quem passa hoje por lá
As vezes sai na carreira,
Quando escutam a Negra
Fazendo grande zoeira
Lá na toca se banhando
Nas águas da cachoeira.

Tá lá a Toca da Negra
Por qualquer um esperando,
Mas por lá na região
Pessoas andam falando,
Que a negra ainda está viva
Naquela toca morando.

21 de agosto de 2012

Cicero Manoel de Lima Alves
Sítio Ilha Grande
Santana do Mundaú-Al


              

Nenhum comentário:

Postar um comentário