Hoje
de manhã deixei
Meu
recanto esplendor
Trago
comigo no peito
Melancolia
e dor,
Trago
comigo a saudade
Do
meu velho interior.
Deixei
na nossa tapera
Minha
mãe numa janela,
Na
saída eu olhei
Bem
firme nos olhos dela,
Vi
seus olhinhos chorando,
Até
mais mãezinha bela.
Deixei
papai no terreiro,
Num
velho banco sentado,
Segurando
uma enxada
Com
um olhar debruçado,
Adeus
meu pai, meu herói!
Até
mais meu pai amado!
La
no terreiro também
Ficou
Zé, Mané e João,
Natalício,
Benedita
E Maria
Conceição,
Adeus
irmãos! Vou levar,
Vocês
no meu coração.
Lá
no canto da parede
Minha
viola eu deixei,
Com
ela em lindas noites
Muitas
canções eu cantei,
Pensando
em belas moças
Pelas
quais me apaixonei.
No
aceiro do terreiro
Eu
deixei o meu burrão,
Um
burro muito bonito
Que
causa admiração,
Nele
eu andei montado
De
inverno a verão.
Deixei
o meu par de botas
Com
o solado acabado,
Deixei
o meu chapéu preto
Na
parede pendurado,
Também
deixei meu facão
Bom
de corte embainhado.
Deixei
meu cachorro Duque
Um
pé duro caçador,
Pra
pegar “Tejo” nas tocas
Não
tem outro não senhor!
Até
mais meu velho Duque
Adeus
meu interior.
Deixei
o fogão de lenha,
Nossa
tapera acabada,
O
campo, a roça, as montanhas,
Pedregulho
e estrada,
Caminho,
grota, ladeira,
Até
mais minha morada!
Tô
indo pra capital
A
vida lá vou tentar,
Dizem
que lá tem emprego
Pra
quem quiser trabalhar,
Se
as coisas não derem certo
Eu
tornarei a voltar.
(Cicero
Manoel / Maceió – AL / 17 de Dezembro de 2012)
Gravura do próprio autor do texto
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