segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
CAÇUÁ DE VERSOS - CÍCERO MANOEL
domingo, 19 de janeiro de 2025
BIOGRAFIA DE CÍCERO MANOEL CORDELISTA
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Cícero Manoel em 2024. |
Cícero Manoel de Lima Alves nasceu em Garanhuns (PE) em 20 de setembro de 1990. É o primogênito do casal Severina Elias de Lima Alves e Severino Alves da Silva, primos de primeiro grau. Cresceu no Sítio Ilha Grande, zona rural de Santana do Mundaú (AL), em uma casinha de taipa, à luz do candeeiro, no arrendamento de seus avós paternos, Manoel Alves de Oliveira (Mané curador) e Josefa Júlia da Conceição.
Na infância brincava com seu único irmão (Thiago) e já aos sete anos ajudava seu pai no corte de cana-de-açúcar, a buscar lenha na mata e a cuidar da plantação, o que perdurou até sua fase adulta, sempre ajudando sua família nos trabalhos da roça: capinando o mato, plantando e colhendo frutas e legumes, como laranja, banana, milho e feijão.
Aos sete anos (início de 1998) frequentou a primeira escola, situada em um sítio vizinho. Seu trajeto era feito a pé ou a cavalo. Naquele ano aprendeu a ler e a escrever. Da escola levava para casa livros de contos populares, os quais sua mãe letrada lia a noite para a família enquanto havia gás no candeeiro. Durante o dia ouvia muita poesia popular em um rádio gravador que seu pai possuía. Escutava: “A triste partida” de Patativa do Assaré, na voz de Luiz Gonzaga; as poesias de Amazan; as emboladas de Caju e Castanha; as toadas de Galego Aboiador, Kara Veia e Vavá Machado e Marcolino; os repentes de Moacir Laurentino e Sebastião da Silva; e os cordéis cantados de Lucas Evangelista. Também ouvia sua mãe cantar muitos benditos nos terços que ela rezava na vizinhança e nas romarias que sua família fazia para Juazeiro do Norte (CE).
Por volta do ano 2000, sonhando ser cantor, decidiu escrever uma música. Nasceu seu primeiro poema, “Minha casinha” escrito ao estilo da poesia popular que ouvia. Na adolescência, inspirado nos contos que lia e nas histórias rimadas (cantadas por violeiros e emboladores), começou a escrever histórias em versos, produzindo literatura de cordel sem o devido conhecimento do gênero, o qual só veio a conhecê-lo quando cursava o segundo ano do Ensino Médio (2008), na Escola Estadual Manoel de Matos, em Santana do Mundaú, depois que uma professora de Língua Portuguesa levou o cordel para a sala de aula.
Ao se descobrir cordelista naquela aula, recebeu uma proposta da professora. Ele teria que produzir um cordel para ser apresentado na escola por sua turma. Nasceu então: “O casamento forçado”, um de seus primeiros cordéis. A partir daquele momento o cordelista começou a imprimir seus folhetos, a comercializá-los e a se apresentar em escolas e eventos da região. Nessa época também começou a produzir com lápis, papel e caneta, um tipo de gravura muito parecida com a xilogravura, que servem para ilustrar as capas de seus folhetos.
Em 2012 o poeta criou o blog “Versos de um Cordelista” e começou a publicar seus poemas e seus cordéis, divulgando seu trabalho no mundo virtual. No ano seguinte (2013) ingressou no curso de Letras no campus V da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL onde recebeu apoio da universidade para a edição do seu primeiro livro, que foi intitulado “Versos de um cordelista” e publicado em 2014 pela Viva Editora. Nesse mesmo ano, com o cordel “A história do Spot Clube do Recife” ficou em segundo lugar no 3º Concurso de Literatura de Cordel da Pantera Cordelaria (Recife - PE), tendo como tema “Clubes de Futebol”.
Em 2016 o poeta teve sua trajetória contada em uma reportagem da TV Gazeta de Alagoas, rendendo à emissora o prêmio de melhor reportagem do ano. Também naquele ano, participou do edital de “Obras Literárias Alagoanas” da Imprensa Oficial Graciliano Ramos e teve seu livro “Um cordel atrás do outro” selecionado para publicação. A obra foi publicada em 2017 e lançada na 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Ainda em 2017 sua poesia popular foi trabalhada por uma professora em uma escola de Campina Grande (PB), rendendo ao poeta uma matéria no jornal impresso Gazeta de Alagoas e uma viagem para participar de um sarau com a professora e os alunos da escola que trabalhou sua poesia na Paraíba. Também naquele ano fundou com outros cordelistas alagoanos, a AALC-Academia Alagoana de Literatura de Cordel, onde ocupa a cadeira nº 05, tendo o cordelista José Pacheco da Rocha como seu patrono.
Em 2018 o poeta produziu o cordel Sinal digital que foi exibido em forma de vídeo, durante três meses, na TV Gazeta de Alagoas, como propaganda do desligamento do sinal analógico na região metropolitana de Maceió (AL). Ainda naquele ano, mais uma vez com o apoio da Universidade Estadual de Alagoas- UNEAL, o poeta volta a publicar. Dessa vez Rimas do Mundaú, pela Eduneal, uma antologia organizada por ele, reunindo 16 poetas populares do Vale do Mundaú.
Em 2019 o poeta recebeu menção honrosa no I Concurso de Literatura de Cordel realizado pela SECULT-AL com o cordel Abc dos Alagoanos ilustres. Na mesma época, foi o vencedor da ação cultural “Alagoas em Versos de Cordel” realizada pelo IPHAN-AL, com o cordel Serra da Barriga – Capital do Quilombo dos Palmares.
Em 2020 sua poesia foi objeto de estudo em uma monografia escrita por duas alunas do curso de Pedagogia do Instituto Federal de Alagoas-IFAL. Nesse mesmo ano sua biografia foi publicada no livro Dicionário bibliográfico dos cordelistas contemporâneos, organizado pelo cordelista baiano, Zeca Pereira. Em 2022 publicou o livro Santana do Mundaú-cidade da gente, em parceria com Ana Cavalcanti, uma obra que retrata a história, a geografia e a cultura da cidade que lhe abraçou como filho.
Em 2022 foi eleito presidente da AALC – Academia Alagoana de Literatura de Cordel, permanecendo no cargo por dois anos. Sua produção poética tem sido estudada em escolas de Alagoas, Pernambuco e Paraíba, além de instituições como IFAL e UNEAL. Já em 2023 publicou Caçuá de Versos, seu terceiro livro de poesia, livro premiado pela SECULT-AL no ano seguinte. Em 2024 foi a Salvador participar da FLIPELÔ-Festa Literária do Pelourinho, onde lançou o cordel Encontro de Raul Seixas com São Pedro na porta do céu.
Atualmente (2025) o poeta atua como diretor do Departamento de Cultura de Santana do Mundaú e dá oficinas de Literatura de Cordel em escolas e universidades. Também se apresenta em saraus literários, feiras e exposições culturais, declamado seus poemas e seus cordéis.
Entre os seus cordéis mais conhecidos estão:
A moça que dançou funk no inferno;
A mulher que apostou o marido na eleição de Lula e Bolsonaro;
A mulher que capou o marido;
A mulher que trocou o marido num jumento;
ABC das namoradas;
Alagoas é meu lar também pode ser o seu;
Fernando e Eleonora;
O namoro com Rosiete;
O pobre que ficou rico depois que foi enganado;
O rapaz que comeu bosta pra saber que gosto tinha;
Serra da Barriga - Capital do Quilombo dos Palmares.
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
HISTÓRIA DA CRIAÇÃO E FUNDAÇÃO DA AALC – ACADEMIA ALAGOANA DE LITERATURA DE CORDEL
Os passos que ruminaram na fundação da AALC – Academia Alagoana de Literatura de Cordel começaram em abril de 2017, quando Mira Dantas convidou os cordelistas Cícero Manoel, Cristóvão Augusto e Jorge Calheiros, para ministrarem uma palestra sobre Literatura de Cordel, na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, onde era coordenadora.
No dia da palestra, apareceram três cordelistas iniciantes, Marcos Brandão e o casal Alexandra Lacerda e Ciro Veras. Ao final da palestra os cordelistas se reuniram para trocar cordéis e Cícero Manoel, que já mantinha contato com Cristóvão Augusto e outros poetas do estado, sugeriu a criação de uma associação de cordelistas alagoanos para unirem forças em nome da Literatura de Cordel.
Depois daquela palestra, os cordelistas foram mantendo contato pelas redes sociais e marcaram uma reunião na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos para acenderem a ideia da criação da associação.
A reunião aconteceu em 23 de maio de 2017 e estiveram presentes: Mira Dantas, Cristóvão Augusto, Jorge Calheiros, Cícero Manoel e sua namorada Edivania Silva, Alexandra Lacerda, Ciro Veras e sua mãe. Durante a reunião os poetas expuseram a ideia da criação da associação dos cordelistas alagoanos. Foi então, que Mira Dantas sugeriu a criação de uma academia. Recordaram, os poetas, que já existiam algumas academias de Literatura de Cordel em outros estados e por unanimidade votaram pela criação de uma academia.
Passaram-se alguns meses e os cordelistas só voltaram a se reunir em 15 de setembro daquele ano. Estiveram presentes, os poetas: Ciro Veras, Alexandra Lacerda, Cícero Manoel, Cristóvão Augusto, Jorge Calheiros, Maria José de Oliveira, a "Mariquinha" (1960-2019) e Manoel Apolônio. Vale destacar o não comparecimento do poeta José Nascimento, que não pode participar da reunião, mas estava engajado no projeto.
Naquela reunião Ciro Veras e Cristóvão Augusto apresentaram o primeiro estatuto. Aquele momento marcou a criação da AALC - Academia Alagoana de Literatura de Cordel. Ali também foi criada a primeira diretoria:
Presidente: Ciro Veras
Vice-presidente: Cristóvão Augusto
Tesoureira: Alexandra Lacerda
Secretário: José Nascimento
Assessor de comunicação: Cícero Manoel
Conselho fiscal: Jorge Calheiros, Manoel Apolônio e Mariquinha
Também ficou decidida naquela reunião a data da fundação da academia. Com o total apoio de Mira Dantas, foi escolhida a tarde do dia 30 de setembro, durante a 8ª Bienal do Livro de Alagoas e a solenidade aconteceria no estande da SECULT.
A solenidade de fundação da AALC aconteceu às 14h do dia 30 de setembro de 2017. Estiveram presentes sete dos oito fundadores. Alexandra Lacerda, Cícero Manoel, Ciro Veras, Cristóvão Augusto, Jorge Calheiros, Manoel Apolônio e José Nascimento. A cordelista Mariquinha não pode estar presente.
Também participaram do momento outros cordelistas que logo após a fundação procuraram o presidente Ciro Veras para adentrarem na Academia. Entre eles estavam, Marcos Brandão, Charles César e Silvano Gabriel. Também participaram da solenidade, representantes da Academia Sergipana de Literatura de Cordel e o professor e poeta Cosme Rogério. O encerramento se deu com os poetas recitando cordéis.
Para sede da academia recém-criada, Mira Dantas cedeu uma sala no sótão da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. A sala ganhou uma linda ornamentação feita por Alexandra Lacerda e Ciro Veras. Com a entrada de novos membros para ocuparem as cadeiras vagas, foi definida uma data para a inauguração da sede e para a entrega dos certificados de membros efetivos da AALC.
Em 23 de abril de 2018 a maioria dos membros se reuniram na sede para participarem da sua inauguração. O momento contou com uma apresentação da dupla de repentistas, João Procópio e Inácio Medeiros, além de recitação e lançamento de cordéis.